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O QUE VALE O DISCURSO NA ELEIÇÃO ?
Por Onofre Ribeiro
Na eleição deste ano, em que serão votados o presidente da República, 27 governadores, 513 deputados federais, um terço dos 81 senadores e 600 deputados estaduais, a comunicação com o eleitor será o principal problema.
Habituados a realizar comícios, distribuir brindes de visibilidade pública, os candidatos não poderão sequer usar os showmícios para atrair público e marcar as suas candidaturas.
Então, a comunicação com o eleitor terá obrigatoriamente que ser aberta. Em vez de falar do alto do palanque, com o eleitor olhando de baixo pra cima, os candidatos deverão falar olho no olho. Isso implica em desarmar um eleitor receoso. A eleição está fria, e os eleitores estão muito frios, admitem todos que estão atuando na chamada mobilização.
Fica que o discurso será o decisivo nesta eleição. Mas o que é o discurso tão esperado? Não é aquela fala discursiva. É a proposta de ações dos candidatos para o caso de serem eleitos. É justamente onde o eleitor está receoso. Ele quer ouvir propostas que atendam aos seus interesses diretos e respondam a perguntas como: em que isso vai melhorar a minha vida? Em que isso vai garantir os meus direitos? Quem me dá garantias de que não vou ser enganado depois da eleição?
Cabe aqui apontar, ainda que rapidamente, pontos dos discursos possíveis dos três candidatos a governador. O senador Antero Paes de Barros, do PSDB, vem de uma arenga muito grande com o PT, no Congresso Nacional, onde comandou a CPI do Banestado, as denúncias que resultaram no primeiro escândalo do governo Lula, envolvendo José Dirceu, Waldomiro Diniz e foi o autor da queda do ministro Palloci. Aqui no estado, é herdeiro das arestas do PSDB que perdeu a eleição de 2002 para o atual governador Blairo Maggi. Do senador, espera-se um discurso muito agressivo
A senadora Serys Marli, do PT, tem o ônus de carregar os desgastes do partido no país e não tem a sua unidade em Mato Grosso. Mas é aguerrida e deve atacar muito para garantir um mínimo de posição, já que tem figurado com insistência no escândalo das sanguessugas. Para sobreviver, espera-se dela ataques fortes aos dois opositores.
O governador Blairo Maggi, apesar de candidato à reeleição, tem a posição mais confortável. Tem aprovação de 80% da população e fez um governo sem solavancos. Logo, seu maior desafio será tecer a proposta de um segundo mandato, agregando ao primeiro novos cenários que convençam o eleitor de que repetirá uma segunda boa administração.
O eleitor está aí calado e só olhando. Tem se manifestado pouco e está mesmo muito desconfiado. O programa eleitoral gratuito no rádio e na televisão vai dominar completamente o cenário da eleição. Todos os candidatos estão se mexendo pouco, faltando só sete semanas para a eleição. Estão apostando tudo no horário gratuito.O eleitor também. Aí entrará o valor do discurso certo e adequado. O eleitor também está cansado, segundo pesquisas, de ver ataques e denúncias. Ele quer respostas àquelas perguntas. Logo, se sairá melhor quem tiver o melhor para dizer: o tal discurso.


Editado por Giulio Sanmartini   às   8/09/2006 01:12:00 AM      |