Por Carlos Chagas na Tribuna da Imprensa BRASÍLIA - A política é feita de ironias, especialmente a política eleitoral. Faz alguns dias que o candidato Geraldo Alckmin vem mudando. E, aqui para nós, mudando para melhor. Seus pronunciamentos têm sido mais densos. Ele começou a abordar temas polêmicos e prementes, tanto no horário de propaganda gratuita pelo rádio e televisão quanto em entrevistas isoladas, palestras e palanques. Vão alguns exemplos: Alckmin discorda da política nuclear passiva e desimportante adotada pelo governo Lula. Sustenta que devemos investir pesado na pesquisa e no controle da energia nuclear, mesmo sem a intenção de possuir a bomba. Rejeita intervenções, pressões e restrições capazes de obstruir nosso ingresso no uso pacífico do átomo. Propõe imediata revisão das leis penais, com ênfase para o Código de Processo, que através de múltiplos recursos privilegia os criminosos e até estimula o crime organizado. Para ele, no caso de crimes hediondos, narcotráfico e contrabando de armas, as penas deveriam ser aumentadas e cumpridas integralmente, sem quaisquer benefícios para os bandidos, submetidos ao isolamento completo.
Julga necessária a imediata retomada do desenvolvimento e criação de empregos através de estímulos e incentivos à atividade produtiva, em detrimento da atividade especulativa. Acelerar a queda dos juros é prioridade tão importante quanto superar os impasses que prejudicam o agronegócio e desestimulam a produção agrícola. A ironia está em que essas afirmações, feitas com firmeza, coincidem com a queda dos índices de preferência de Geraldo Alckmin nas pesquisas. Os números do presidente Lula continuam crescendo. Haverá que esperar para ver como estão sendo absorvidas as novas manifestações do candidato tucano. Dizem seus assessores que essas coisas demoram um pouco a cristalizar-se, mas o diabo é que o tempo vai encurtando. Estamos a 35 dias das eleições...
Editado por Giulio Sanmartini às 8/25/2006 01:58:00 AM |
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