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O CUSTO DAS DEMISSÕES
Por Fabio Grecchi na Tribuna da Imprensa
Caso consiga a reeleição, já em novembro o presidente Lula vai se deparar com uma situação complicada: a provavel demissão de cerca de 3,6 mil trabalhadores da fábrica da Volkswagem, em São Bernardo do Campo. Nesta unidade às margem da Via Anchieta, que liga a capital à Baixada Santista, se formou o embrião do PT na década de 70, durante as lutas por melhores salários em plena ditadura militar.
São Bernardo do Campo é uma cidade-símbolo para o atual governo. Do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC saiu Luiz Marinho, depois presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e hoje ministro do Trabalho. Dali também havia vindo Vicente Paulo da Silva, também ex-presidente da CUT e hoje deputado federal. E antes deles Luiz Inácio da Silva, que dispensa apresentações.
A situação desta unidade da Volkswagen é crítica. A planta atualmente só produz três veículos: a eterna Kombi, uma parte do Gol (que sairá de linha em breve) e o Polo para exportação (que com a desvalorização do dólar vem perdendo mercado no exterior). São 12 mil empregados numa fábrica que chegou a ter, nos tempos de Lula, 40 mil. Uma verdadeira cidade sub-aproveitada, que incorporou uma padaria e um apiário para conforto de seus funcionários.
Das três produtoras de carro (as outras são Taubaté e São José dos Pinhais [PR]), a unidade de São José dos Campos sofre do gigantismo da época de Juscelino Kubitschek, ali fotografado no banco de trás do primeiro Fusca produzido no Brasil. A solução é uma verdadeira escolha de Sofia para a fábrica e para os sindicatos: se cerca de 3,6 mil trabalhadores não forem mandados embora, a expectativa é de que serem demitidos 6 mil para a rearrumação da planta.
Um custo político sério para o governo, cuja figura maior é egressa daquela região. Não pode se manter indiferente por razões históricas, mas também não pode intervir diretamente porque as negociações hoje deixaram de ser tuteladas pelo Estado. Se a questão da criação de 10 milhões de empregos não pasou de falácia de Lula, o que dizer de caminhar para o segundo mandato já com 3,6 mil demitidos justamente em sua base?


Editado por Giulio Sanmartini   às   8/24/2006 02:52:00 AM      |