Por Carlos Chagas na Tribuna da Imprensa BRASÍLIA - Uns por presunção, outros por cautela, os principais auxiliares econômicos do presidente Lula já evoluem sobre o conteúdo do segundo mandato. O que fazer, o que mudar, o que conservar? É aqui que mora o perigo, porque, dando como certa a reeleição, ministros e dirigentes do PT demonstram arrogância e já tentam enquadrar o futuro conforme suas tendências e compromissos. Começam a ameaçar com mais ajuste fiscal, mais sacrifícios e mais neoliberalismo, depois dessa temporada de benesses de 2006, destinada a angariar votos e garantir sua permanência no poder. Embuste eleitoral
Chega a ser agressiva a postura adotada pela equipe econômica, esperançosa de continuar e incapaz de perceber chegada a hora de mudar o modelo. Pregam tudo o que faz a alegria dos potentados, dos banqueiros e dos especuladores, esquecendo-se da classe média e até se preparando para retirar das massas o alpiste oferecido há pouco como embuste eleitoral. Senão vejamos: Prevêem, os áulicos de Lula, que desta vez virá a reforma da Previdência Social. Traduzindo: vão restringir direitos dos aposentados, desvinculando de uma vez por todas do salário mínimo os vencimentos de quem parou de trabalhar. Pensionistas e aposentados do INSS e inativos do serviço público que se virem, porque receberão sempre menos do que os funcionários e trabalhadores em atividade. Quem mandou envelhecerem? Ao mesmo tempo, serão descontados como se disputassem novas aposentadorias, sabe-se lá se no céu ou no inferno. Em paralelo, a equipe econômica já alardeia que os reajustes do salário mínimo vão minguar. Jamais acontecerão nos níveis deste ano eleitoral. No máximo, encostarão na inflação, mas, mesmo assim, na dependência de os juros baixarem. Quer dizer, os responsáveis pelos juros altos são os assalariados e os aposentados, não os banqueiros, cujos lucros, em todas as previsões, só crescerão. No capítulo das reformas diabólicas, asseguram que desta vez virá a reforma trabalhista. Para restabelecer direitos surrupiados nos oito anos do sociólogo? Nem pensar. Para extinguir as poucas prerrogativas sociais que sobraram. Por exemplo: vão acabar com a multa por demissões imotivadas e vão autorizar o parcelamento em doze vezes do décimo-terceiro e das férias. Como a cada ano os salários e vencimentos perdem parte de seu poder aquisitivo, em poucos anos as parcelas estarão incorporadas à perda, ou seja, desaparecerão.
Editado por Giulio Sanmartini às 8/16/2006 04:32:00 AM |
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