Por Pedro Oliveira
A brilhante ministra Ellen Gracie, presidente do Supremo Tribunal Federal certamente não vai passar à história simplesmente por ter sentado ou não na cadeira de Presidente da República por algumas horas. Para alguns, o fato pode ser considerado uma benção de Deus e do oportunismo chulo, para ela, com certeza uma honra, mas encarada dentro da normalidade para alguém que teve berço, tem passado e fará história. Para a maioria dos políticos brasileiros o objetivo vale qualquer negócio, não importam os meios, desde que chegue lá: sentar o traseiro sujo e comprometido em uma cadeira, mesmo que não mande nada e ninguém o leve a sério. A conspiração tramada nas entranhas do poder, nas alcovas do Palácio do Planalto e nos subterrâneos do putrefato Congresso Nacional para impedir qualquer possibilidade da presidente do STF assumir o cargo na interinidade do chefe do mensalão é pequena, imoral e fica longe de atingir a decência e o currículo da competente magistrada. A ministra Ellen Gracie tem uma carreira calcada na inteligência, na competência para julgar e na sua defesa intransigente do legal e moralmente correto. Ainda recentemente lia um comentário de minha colega jornalista Adriana Vandoni, companheira editora do site argumento&prosa quando afirmava: “precisamos restabelecer a sensação de justiça neste país e para isto, a presença de Ellen Gracie na presidência do STF pode ser fundamental. Ela acredita que a Justiça só pode diminuir sua atuação (e este seria o ideal) quando o amadurecimento entre as relações e o respeito entre as pessoas atingir tal ponto, que se faça desnecessária intervenção da justiça. Nunca por omissão ou interesses políticos como vem acontecendo”. Dificilmente chegaremos a este estágio sonhado pela ilustre ministra. Com os políticos que temos? Com as instituições políticas dirigidas, negociadas e vilipendiadas pela pior espécie de agentes da bandalheira?É a triste realidade deste país de futuro incerto e temeroso. Não me surpreendeu a atitude corajosa da presidente do Supremo quando revogou uma decisão equivocada do Tribunal Regional Federal que concedia liberdade aos presos envolvidos no esquema das ambulâncias. Certamente para a ministra os limites da impunidade e da imoralidade estavam chegando perto do intolerável e agiu com firmeza e determinação, atributos bem característicos da destemida mulher brasileira. Com seus atos de tolerância zero à corrupção, à picaretagem deslavada, às negociações espúrias de bastidores, Ellen Gracie dá lições aos membros dos demais Poderes, que não têm se mostrado preocupados com os fatores positivos que devem nortear a Administração Pública. Vários casos emblemáticos têm tido na ação da presidente do STF o destino e o tratamento justo e legal, coisa não muito freqüente no fausto dos julgadores.Não tenho dúvidas de que a ministra Ellen Gracie não irá somente dar lições aos políticos brasileiros e ensiná-los a maneira legal e moral do trato com a coisa pública, ela certamente vai entrar para a história como uma mulher corajosa, magistrada politicamente correta e que conseguirá mudar o modo de se fazer justiça neste país.
Editado por Adriana às 7/04/2006 09:29:00 PM |
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