FALATÓRIO Fonte: no mínimo
Não é só no aspecto esportivo que o Brasil deve aprender com os erros cometidos na Alemanha. Nós, os jornalistas, também temos a missão de investigar o que saiu errado. Composta de 98,7% de falatório puro, gratuito, baratinho, a “cobertura” de 2006 foi tão recordista quanto Cafu e Ronaldo, para ficar num dos assuntos tolos que lhe alimentaram a falta de assunto: nunca na história das Copas uma cobertura foi tão inflacionada e desinteressante. Não é à toa que só se salvou quando resolveu investigar o silêncio – aquilo que não tinha som, mas a leitura labial conseguiu tornar legível no “Fantástico”. Será que a era da comunicação fácil, do excesso de tempo de transmissão nos canais por assinatura, da infinitude do espaço virtual em sites, das páginas de jornal multiplicadas pelo apetite dos anunciantes – será que a apoteose dos meios tem como contrapartida paradoxal o encolhimento da mensagem? Estaremos condenados a esse falatório, esse “ruído de vozes de muitas pessoas a falar ao mesmo tempo; qualquer fala desprovida de valor ou fundamento”? Deve ser uma coincidência, mas o futebol (na falta de outro nome, vai esse mesmo) que o Brasil apresentou contra a França parecia uma resposta direta ao blablablá. Ninguém agüentava mais tanta zoeira, era preciso ter misericórdia, dar um fim àquilo urgentemente. E demos. Com a eliminação da Seleção Brasileira, e sobretudo com a redução do falatório a uma fração razoável, não há como negar que a Copa do Mundo melhorou.
Editado por Adriana às 7/04/2006 09:19:00 PM |
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