Por Fabio Grecchi na Tribuna da Imprensa O veto do presidente Lula infelizmente não sepulta a estapafúrdia proposta de se exigir diploma de jornalismo para quadros técnicos dos veículos de comunicação. Pelo projeto, de ilustrador a fotógrafo, de comentarista a diagramador, teria, depois da sanção e devida publicação no "Diário Oficial", que apresentar o certificado de conclusão de terceiro grau para se habilitar a uma vaga de trabalho no setor. Como é que alguém se formaria em comentarista é algo que nem mesmo os cérebros mais brilhantes ousaram responder até agora. Pelo simples fato de que para tal é preciso ter vivência, janela, rodagem ou qualquer outra coisa que seja sinônimo de experiência. Se o jornalista já paga um alto preço por sua pretensão - são vários os personagens da imprensa sérios candidatos a professores de Deus -, pior ainda seria juntar arrogância com desconhecimento. Como a formação jornalística das faculdades é imensamente deficiente exatamente porque nem mesmo os melhores laboratórios são capazes de reproduzir a experiência diária do fechamento de uma edição, seria uma verdadeira temeridade para a seriedade da informação esta conjugação de problemas. O diploma de jornalismo não forma talentos, tampouco separa aqueles que são daqueles que não são do ramo, mas dão imenso estofo, que permitiu aos veículos de comunicação avançarem sem partidarismo e permitindo ao público leitor formar seu próprio juízo. Hoje há rádios, jornais e TVs que se destinam a todos os que se interessarem, ao contrário daquilo que se via 40 anos atrás. Para usarmos um exemplo concreto: quem era a favor de Getúlio Vargas, lia a "Ultima Hora"; quem era contra, comprava esta TRIBUNA. Apesar das figuras de peso que havia escrevendo para qualquer dos dois jornais, a sociedade ganhou imensamente com a falta de identificação atual. Sinal de que as reportagens que são publicadas não se prestam aos objetivos de governo ou de oposição. O maior inimigo da liberdade de expressão e de opinião são os obscurantistas que utilizam o poder de que dispõem para intimidar os veículos. Geralmente isto se materializa na forma de processos por difamação e calúnia, nos quais a honra vira uma quantia a ser paga a título de reparação. O sujeito é autoridade, infringe a lei, é denunciado e, em vez de se redimir diante de seus pares - ou seja, o restante da cidadania -, recorre ao mais caro escritório de advocacia para encostar quem o expôs contra a parede. Se Pedro Aleixo temia, assim que baixaram o AI-5, o poder de que estaria investido o guarda da esquina, hoje o jornalista tem problemas em conviver com a pessoa que invoca seu cargo simplesmente para ter precedência ao entrar no elevador do prédio em que mora. Ou então contra o parlamentar flagrado desonrando o mandato, que uma vez colocado na manchete de jornal ameaça o repórter com ação judicial e o intimida, acusando de tê-lo denunciado, julgado e condenado diante da opinião pública. Pior de tudo é que não leva à frente a promessa, pois está submetido a minuciosa investigação pelo Ministério Público. Mais: ainda se candidata à reeleição, certo de que apesar da absolvição por seus pares no plenário foi considerado inocente também pelo restante da sociedade. Em relação a tal problema, não houve uma única e escassa entidade dos jornalistas que saiu em defesa da própria categoria. Por causa dessa indústria da intimidação, bons e maus ladrões têm se salvado. Mas não há salvação para o veículo que se acovarda, tampouco para o organismo de classe que se ajoelha e finge desconhecer a questão
Editado por Giulio Sanmartini às 7/28/2006 08:46:00 AM |
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