Lembram o filme Irma La Douce? Shirley Maclaine fazia o papel de uma prostituta. Jack Lemon fazia o papel de um ‘flic’, um policial do bairro de Montmartre. O ‘flic’ dá uma de Dom José de Carmen. Libera Irma após prendê-la. Apaixona-se por ela, acaba casando com ela e é expulso da polícia. Desempregado precisa viver do trabalho dela que precisa continuar nas suas lides no “trottoir”.
Isso foi o passado. Na “Belle Époque”, início do Século XX. Pelo que parece aqui no Brasil são águas passadas. Vamos nos emparelhar com países europeus, como a Holanda com suas vitrines em “De Walletjes”- Amsterdão, ou a Alemanha com seus prédios com prostituição oficialmente institucionalizada em Sanct Pauli – Hamburgo.
O Ministério do Trabalho hoje tem um manual para a prostituição, acessível em site da Internet com uma cartilha explicando tudo sobre a profissão.
Sem a menor ironia, honestamente, é um passo na direção certa. A prostituição e o jogo do bicho existem ha milênios, assim como os cassinos. A criminalização dessas verdadeiras instituições é hipócrita e só interessa à classe criminosa.
Faltam alguns itens na cartilha. Segundo pude perceber com uma rápida vista de olhos não há nenhuma orientação sobre como obter proteção contra o atravessado, ou seja o rufião ou proxeneta.
Também não há alguma explicação sobre o que fazer se uma viatura da polícia passar e recolher algumas mulheres para abrilhantar, gratuitamente uma festa de policiais, extorquindo-lhes na sua mercadoria um pouco de proteção.
Ou seja, o Ministério do Trabalho implicitamente dá por legalizada a profissão. Mas na realidade ninguém protege essas mulheres das vicissitudes que as tornam vulneráveis. Não há áreas das cidades demarcadas para seu exercício da profissão. Não há regras que empreendedores possam utilizar se quiserem criar locais limpos e organizados para o exercício da profissão. Na realidade a prostituição continua ilegal.
Fica claro que pela pressão os sindicatos de prostitutas conseguiram criar a empatia do Ministério do Trabalho. Mas não conseguiram criar leis que formalmente protejam essas mulheres, cada qual com seu problema e sua história que as levou a esta, a mais antiga das profissões.
Ë a mão direita do governo ignorando o que faz a esquerda.