Entrevistas
Arthur Virgílio
Gerson Camata
Júlio Campos
Roberto Romano - 1ª parte
Roberto Romano - 2ª parte
Eluise Dorileo Guedes
Eduardo Mahon
p&p recomenda
Textos recentes
Arquivo p&p
  
PPS – O ABNEGADO
Por Adriana Vandoni

Eu já tinha decidido não comentar mais sobre a política regional até que algo acontecesse, até que acabasse essa sem-graceira, esse marasmo que está. Muito chata essa indefinição, todos em cima do muro, ninguém concorre com ninguém. Uma cortesia impressionante.
Mas, eis que leio uma matéria que apesar de ser política me inundou de emoção. Fui contagiada pelo amor universal, aquele que transcende. Foi um texto publicado ontem pelo ex-presidente do Intermat e vice-presidente do PPS Jair Mariano.
Aliás, o PPS local é digno de uma junta psiquiátrica para que seja feito uma neuropatologia. Ano passado o governador disse que não ia deixar o partido para que ele não ficasse acéfalo, acho que o problema é o contrário, o PPS é multicéfalo. Isso até poderia ser interpretado como um partido democrata, mas as idéias não se afinam. Um fala, outro desfala. Um pensa, outro despensa. Estão trombando uns nos outros. É, tenho um conhecido, macaco velho na política, que hoje já está afastado dela, mas nem por isso deixou de observá-la, que me disse dias desse: “o PPS de Mato Grosso está como macaco na cristaleira: pra todo lado que vira acaba quebrando um cristal”.
Em Rondonópolis, que deveria ser a base eleitoral do governador, o maior adversário do PPS é o próprio PPS. Publicamente o ex-prefeito costuma atribuir notas ao atual, que ajudou a eleger. Percival Muniz é aquele que no seu mandato de Deputado Federal faltou 66 das 70 seções. Isso não tem a menor relevância, afinal, o que estava sendo votado era só a Constituição Federal. Na sua perspicácia política, provavelmente o então nobre deputado deva ter percebido que as leis votadas não iam servir pra nada mesmo, então, gazeteou. Aliás, o interesse e a qualidade das propostas eram tantas que um deputado constituinte, José Paulo Bisol, propôs o seguinte para o inciso I do art. 5º: “Homens e mulheres são iguais perante a lei, exceto na gestação, parto e aleitamento”. Perdeu a oportunidade, se não tivesse faltado tanto, o nobre ex-representante poderia, por exemplo, acrescentar que homens e mulheres são iguais perante a lei, exceto na hora de usarem banheiros públicos.
Mas voltando ao artigo que me inundou a alma de um amor universal, político sem mandato é assim mesmo, que nem chocalho sem badalo: balança, mas não toca. Pelo menos não deveria tocar. Tenho que concordar com o Jair Mariano. Pagot, ex-chefe da Casa Civil, seria de fato um excelente Deputado Federal. Congrega realmente todos os adjetivos citados pelo Mariano. É corajoso, preparado, inteligente, tenho certeza que seria uma boa representação para o Estado, mas o que me chamou atenção foi a abnegação do Jair Mariano, até então pré-candidato ao mesmo posto que Pagot disputaria, pela sugestão do próprio Mariano. Só pode ser altivez, desprendimento, altruísmo, sensatez, enfim, será que ele estaria mandando um recado a Alta Floresta e região, sua base eleitoral, para que aqueles que estavam com a intenção de votar nele, transfiram seus votos para Pagot?
Francamente, entendi o texto, mas não compreendi a mensagem. É como aquela máxima de Goebbels: “Não falamos para dizer alguma coisa, mas para obter um determinado efeito”. Eis o mistério da paixão: qual será este determinado efeito?
Socorro!, quero o relatório neuropatológico.


Editado por Adriana   às   5/24/2006 12:14:00 AM      |