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É DANDO QUE SE RECEBE
Por Pedro Oliveira (*)

A relação promíscua entre o poder e a política proporciona graves e irreparáveis danos ao erário e abala mais ainda a podre e vergonhosa posição do político brasileiro. Tudo hoje nos “negócios” entre o Executivo e o Legislativo, em qualquer que seja a esfera, é feito na base da troca espúria do “toma lá, dá cá”.
O político com mandato hoje já não se pergunta o que pode ele fazer para o bem dos outros, para a sua comunidade, para o seu estado ou município. O importante para a vida de cada um é o que poderá lucrar fruto da indecência e enriquecedora atividade profissional.
Nas eleições, verdadeiras fortunas são gastas à busca dos votos que garantirão a vitória. Na política só não vale perder, pois só com um mandato está garantido o ressarcimento do dinheiro despendido na compra de votos, não importa à custa de quanto sacrifício e danos para o Estado.
Dizia um conceituado cientista social que “pior que os partidos, só os políticos que os formam”. Mas ora, se os políticos são picaretas, indecentes e ladrões, como poderiam os partidos que eles organizam e controlam serem diferentes?Como poderia algum desses partidos pensar maior, em melhorar a vida do cidadão, construir escolas, hospitais, saciar a fome dos miseráveis, se o principal para o político são os cargos, as barganhas, a “mala preta” e as tetas públicas para eles, suas famílias, seus amigos?
Um dia desses, lia a declaração de um presidente regional de um partido “emergente” (ou indecente?), afirmar que “estavam sendo excluídos e desprestigiados pelo Governador, que não lhes dava cargos importantes na Administração, mesmo depois dos votos que recebeu”. A reclamação partia de um desses partidos nanicos, que servem apenas para composições nefastas, candidatos “laranjas” e legendas de aluguel. Siglas partidárias desse tipo servem apenas para tornar ainda mais obscuro o processo eleitoral vigente, cuja necessidade de reforma foi frustrada, mais uma vez, pela deliberada vontade de não fazê-lo por parte de deputados e senadores. Fizeram, sob o comando dos presidentes da Câmara e do Senado,os alagoanos Aldo Rebelo e Renan Calheiros, uma tapeação esdrúxula sabendo que não passaria pela Justiça Eleitoral, e tudo continuaria “ como dantes no quartel de Abrantes” . Uma farsa mal montada, com a conivência podre e viciada do ocupante do Palácio do Planalto.
Na mesma ocasião lia a equilibrada opinião do professor Alberto Saldanha, do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Alagoas, onde dizia: “os partidos nanicos, além de serem incapazes de promover a inserção social, são, muitas vezes, identificados como oportunistas por praticar barganha política”. Acabar com esses partidos é uma profilaxia necessária para melhorar o perfil das eleições e das candidaturas.
Na verdade se os pequenos barganham, os grandes compram, subornam, corrompem e fazem de tudo para manter-se no poder. É infelizmente, a nefasta realidade brasileira, praticada em qualquer lugar onde haja um político. O legal, o moral e o politicamente correto, às favas.O que vale mesmo é o “Toma o teu. Me dá o meu!”.

(*) Pedro Oliveira é Jornalista e Presidente do Instituto Cidadão.


Editado por Adriana   às   5/24/2006 12:09:00 AM      |