Era só o que faltava. Não satisfeito em usar toda a estrutura do governo para fazer campanha, o presidente Lula agora vem criticar a legislação eleitoral por não permitir liberação de verbas para prefeituras e governos estaduais a partir do início do período eleitoral.
Dar uma volta e meia à Terra (equivalente às viagens que fez apenas este ano) não é suficiente para o petista. Inaugurar pequenas reformas com grandes palanques e muita festa não é o bastante. Descer para "falar com o povo" em evento do governo e distribuir abraços, beijos, autógrafos, não serve. Fazer discursos a milhares de pessoas com manifestações claras de que é candidato não o satisfaz.
O presidente Lula não honra meu voto e nem dos 52 milhões de brasileiros que digitaram 13 nas urnas ao não admitir que é candidato à reeleição só para não entrar na mira da legislação eleitoral. Vai ao programa de televisão do PT amanhã para mostrar as realizações do governo.
Não tem nada, ele não é candidato...
A legislação eleitoral brasileira tem mesmo muitas deficiências. Mas um dos poucos avanços é não abrir mais uma possibilidade de barganha ao proibir celebração de convênios e liberação de recursos do governo federal a prefeitos e governadores. Se fossem permitidos, imaginem a farra que o presidente Lula não poderia fazer?
Em vez de criticar o impedimento, Lula deveria ser contrário à reeleição, que permite o uso desavergonhado do dinheiro público em campanha eleitoral. E não falo de declarar-se contra, mas trabalhar para o fim da reeleição. Ou, ao menos, defender o fim das eleições de dois em dois anos, que realmente atrapalham as administrações. Chega de querer jogo fácil.
Fabiana Pulcineli é editora-assistente de Política

E-mail: fabiana@dm.com.br