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Um caso típico de insanidade
por Ubiratan Iorio

Nosso Grande Apedeuta, Luiz Inácio, declarou recentemente que o sistema brasileiro de saúde estaria próximo da perfeição. Ele, que nada vê, ouve ou sabe sobre a quadrilha que, segundo o Procurador-Geral da República, formou-se ao seu redor – o chamado “Núcleo Duro” – para assaltar os cofres do país; ele, que sequer comenta as acusações de favorecimento para si e sua filha, por parte de seu companheiro Okamotto; repentinamente, ele, o mesmo Lula, que também fecha a boca para as denúncias de vultosas quantias depositadas na conta da empresa de seu filho pela Telemar, subitamente deixa a cegueira, a surdez e a alienação de lado para soltar de sua boquirrota boca esta pérola sobre as condições da saúde pública no Brasil!
O povo brasileiro pode não ter instrução média razoável, mas está longe de ser idiota como o sr. pensa, presidente! O sr. é tão alienado, ou mesmo autista, para crer que não há filas, não é necessário madrugar em hospitais e postos públicos de saúde, as condições dos mesmos são excelentes, médicos e enfermeiras são remunerados dignamente, existe segurança e há abundância de equipamentos e medicamentos?
Este é o mundo de Lula, o Grande Apedeuta, um mundo que só ele vê, ouve e diz conhecer! Será que pensa o mesmo da educação pública, da previdência pública, da infra-estrutura e da segurança pública?
Sr. Presidente, como um brasileiro que trabalha de graça para o governo até exatamente, por coincidência, o dia do próprio aniversário, 24 de maio, para pagar os borbotões de tributos que seu governo só fez crescer; como cidadão “deste país” que, por não confiar no sistema de saúde em que o senhor deposita toda a sua confiança, nem no sistema de educação pública e tampouco no de previdência estatal e que ainda é forçado, como “contribuinte” compulsório, a arcar com os custos vultosos de uma corrupção jamais vista com a coisa pública e que ainda tem que trabalhar do dia 25 de maio até o último terço do mês de agosto de cada ano para pagar planos de saúde privados, escolas para meus filhos e planos de previdência complementar, revolta-me, causa indignação, entre tantas outras, a sua afirmação!
Nenhum país vai para frente, Excelentíssimo sr. Apedeuta, com tantos impostos, com alíquotas tão altas e com tanta malversação dos recursos públicos, que o seu governo só fez aumentar; nenhuma nação conseguiu desenvolver-se sem o mínimo de liberdade de escolha outorgada aos cidadãos, algo que seu governo da estrela antes vermelha e agora desbotada de vergonha vem desrespeitando continuamente!
Este humilde economista acaba de preencher a “Declaração de Ajuste Anual” de rendimentos, o pior dia do ano para os cidadãos “deste país”... Somos tratados como suspeitos pela Secretaria da Receita Federal, temos que dar conta de toda a nossa vida para o tal leão, que mais mereceria ser conhecido como hiena, porque ainda ri na nossa cara, ao apoderar-se das migalhas que nos sobram, do final de agosto até o último dia de cada ano. E olhe que não quero comentar, por falta de conhecimento que me permitisse fazê-lo, as denúncias veiculadas pela revista Veja do último fim de semana, a respeito de operações, digamos, “pouco éticas”, de altos funcionários desse covarde rei das selvas, a começar pelo próprio secretário da Receita e pelo que exerceu o mesmo cargo no governo de seu antecessor.
Estes problemas de super-tributação e de malversação dos recursos públicos são anteriores ao seu governo, mas é evidente que, no seu período comandando o país do alto de seu Aero-Lula, eles só têm se amplificado.
Posso ser humilde, mas estou longe de ser um idiota e nunca me passou pela cabeça abaixá-la diante de ninguém, seja poderoso ou não! Sinto-me tungado, afanado, roubado, enganado, ludibriado. Para onde vão os recursos que me são subtraídos e de minha família? Mesmo se fossem para os mais necessitados, a carga tributária elevadíssima, a burocracia pesada, a corrupção enraizada e o fato de ter que pagar por duas saúdes, duas previdências e duas educações - a pública e a privada – já seria profundamente injusto, sr. Apedeuta-Mor! Mas o fato – claro, transparente, insofismável e conhecido até pelos paralelepípedos de que falava Nelson Rodrigues –, é que o dinheiro que suo para ganhar não vai para os pobres, ou o sr. tem o desplante de achar que sou também um idiota e acredito nessa balela das esmolas que seu governo vem distribuindo para ganhar votos?
Com a autoridade de um profissional que procura ser ético no exercício de suas atribuições e a de um brasileiro, afirmo – abertamente! – que sua declaração sobre o estado da saúde pública no Brasil configura um caso típico de insanidade. Só não sei se é mental e inconsciente ou eleitoreira e premeditada. Talvez, as duas...
Não sei se o sr. vai ler este artigo-desabafo mesmo porque sei que o sr. não é chegado a ler coisa alguma, porque pode puxar pela cabeça... Mas ele está aqui e tenho a convicção de que a imensa maioria dos brasileiros concorda com o que está sendo afirmado.
Sr. Luiz da Silva, por que não tenta buscar algum tipo de tratamento em um hospital público, mas sem apresentar-se como presidente? Corte a barba, encolha a barriga, vista as roupas que vestia quando ainda trabalhava e mantenha apenas o linguajar, que é o mesmo daqueles tempos difíceis. Garanto que sentirá, se restar um mínimo de dignidade em meio à insanidade que vêm denotando suas declarações, vergonha do Presidente Lula, em quem 52 milhões de incautos confiaram em 2002.
Amigos, sentar no meio-fio e chorar lágrimas de esguicho não adianta! Temos que enfrentar essa situação de peito aberto, fazer uma limpeza no Congresso e no Executivo em outubro e cobrar de todos os candidatos programas de governo. Mas como cobrar de quem não os tem?
Fonte: www.ubirataniorio.org
(*) Presidente do Centro Interdisciplinar de Ética e Economia Personalista - Cieep.


Editado por Adriana   às   4/28/2006 10:23:00 AM      |