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VAI VIGARISTA, BOA VIAGEM
Por Giulio Sanmartini

Foi no 23 de maio de 1992 que circulou na revista Veja, uma entrevista bomba que mudou os rumos do país, o título foi “Pedro Collor conta tudo”, nesta o irmão do presidente da República, Fernando Collor de Mello, diz sem meias palavras, que Paulo César Farias era o testa-de-ferro de seu irmão em negócios escusos envolvendo o governo.
Este foi o ponto de partida das denuncias que mostraram que a corrupção era geral no governo. Em junho do mesmo ano a revista Isto é publicou um artigo, onde o motorista Eriberto França dizia ser Paulo César Farias quem pagava as contas do presidente.
Tudo durou 7 meses e em 30 de dezembro Collor renunciou a presidência evitando o “impeachment”, nesse momento o Senado em votação o considerava culpado do crime de responsabilidade.
A vida de Fernando mudou ele até chegou a mudar de mulher, mas durante todo esse período não se tem notícias que tenha trabalhado, viajou, divertiu-se e foi candidato derrota a alguns cargos eletivos.
Os outros protagonistas tiveram sorte diferente, o irmão Pedro que o denunciou morreu prematuramente com um tumor no cérebro, a mulher de Paulo César Faria Farias, que havia lançado a ameaça de “botar a boca no trombone”, morreu em circunstâncias estranhas, o próprio Paulo César foi assassinado, como se quer fazer acreditar, por uma namorada ciumenta que logo depois suicidou-se. O fato não pôde ser apurado com precisão, haja vista que a polícia de Alagoas desfez o local antes que a perícia chegasse.
Collor voltou à Brasília nesse dia 1 de fevereiro tomando posse como senador, momento em que declarou à imprensa: “São 14 anos de um sofrimento brutal a que fui submetido, a uma humilhação que sofri, a todo um processo muito difícil. A gente aprende com o sofrimento”.
Pensei que nessa legislatura o “Troféu Cara-de-Pau” pudesse ser dado a Paulo Maluf, quando disse: “minha vida pública é cristalina e transparente” (disse mais como pode ser lido no exórdio dessa página).
Mas troféu lhe foi tomado “galhardamente” por Collor, sofrimento brutal foi o dos brasileiros que foram enganados e viram todo o dinheiro que lhe fora confiscado pelo estado passar para os bolsos dos corruptos do bando do ex presidente.
(*) a foto mostra Collor deixando o Palácio depois da renuncia, só faltou ser acompanhado por uma música de carnaval que diz: “Vai vigarista, boa viagem”.


Editado por Giulio Sanmartini   às   2/02/2007 02:20:00 PM      |