Por Plínio Zabeu
No ano passado Lula fez um sério pronunciamento – entre as centenas que cria todos os dias – ressaltando a alta qualidade da assistência médica no Brasil, colocando-a como “quase perfeita” (palavras dele). Evidentemente que há muito tempo ele não depende mais de atendimento público a que todos os brasileiros têm direito, sejam ou não contribuintes. Afastado dessa “área de penumbra” não fica sabendo de casos horrorosos que diariamente acontecem. O mais recente, divulgado pelo país todo, foi a da jovem que, depois de percorrer quatro hospitais acabou sendo operada muito tarde morrendo mãe e filho. Já os responsáveis pela Previdência decidiram por maior rigor nas concessões de auxílio-doença e ou aposentadoria por invalidez. Isso porque existe um grande número de simuladores. Chegaram a nos comparar com outras nações – Estados Unidos, Itália, França, Alemanha – onde a porcentagem de afastados por incapacidade chega no máximo a 5% da totalidade de contribuintes. Aqui esse número está em torno de 15%.
Verbas são criadas e destinadas a equipamentos e tratamentos em geral. Mas a coisa não vai bem. Alguém precisa dizer ao presidente que ele está equivocado. Entendemos isso uma vez que, desde que assumiu o cargo de chefe da nação não soube de mais nada do que acontece em torno dele. Nada, se o assunto não lhe interessa, que isso fique bem claro. Bem. Se houvesse seriedade, deveriam ser investigados o SUS e a qualidade de ensino médico no Brasil. Temos insistido na desastrosa mania de autorizar funcionamento de Faculdades sem nenhuma condição de bem preparar seus alunos. Temos hoje 162 escolas no país, quando apenas 60 seriam suficientes. Como resultado, pelo menos 50% dos médicos concluem o curso mal preparados. Não há campo para que todos façam residência. Pior ainda, tais novatos são logo admitidos de preferência no Pronto Socorro (baixo salário, por isso com vagas em grande número), local onde deveriam estar os mais experientes. Há anos o Conselho Federal de Medicina tenta um exame nos moldes da OAB. Inaugurou um sistema de avaliação voluntária. Neste ano entre os que prestaram exame voluntariamente, 40% foram reprovados. Por isso o número de doentes e incapacitados é maior que nos países acima referidos. E mais escolas virão, uma vez que não há seriedade do governo quanto ao importante problema da saúde. Tal como ocorre nas áreas da segurança, do transporte, da educação etc., etc. etc.. pzabeu@uol.com.br
Editado por Giulio Sanmartini às 2/01/2007 11:39:00 PM |
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