Por Giulio Sanmartini
Até 1960 o Rio de Janeiro foi a Capital Federal e o senado era num palácio (demolido nos anos 1970) que tinha por nome Monroe, em homenagem ao presidente estadunidense James Monroe, criador do Pan-americanismo. Ficava na praça homônima (no fim da Cinelândia), que continua com o mesmo nome, só que agora esquecido e que todos chamam de Mahtma Gandhi, pois aí está localizada a estátua do grande líder indiano. No meu tempo de criança, muitas vezes vinha com minha mãe ao centro da cidade, ao voltar, pegávamos o lotação (micro ônibus de 20 lugares) no Passeio Público e para chegar até este fazíamos toda a rua Senador Dantas. No trajeto dessa rua, tínhamos duas paradas eram obrigatórias, a primeira na Confeitaria Babini para tomar um sorvete e depois na porta do Hotel Ok., que existe até hoje, na época hospedava a grande maioria dos senadores dos outros estados. Era um tempo de seriedade sem mordomias e salários nababescos com monte de ajudas. Naquela hora os senadores estavam na grande maioria no hall de entrada, alguns conversavam, outros liam jornal e alguns ficavam na calçada vendo movimento. Minha mãe, apontado discretamente com a cabeça, ia me mostrando os senadores e dizendo num sussurro reverente seus nomes. Fui criado tendo grande respeitos por estes. Mas a coisa com o passar do tempo, com convite à mordomias dado por Brasília e a corrupção reinante, os senadores perderam toda essa aura de respeito, uma quase veneração. Nesses últimos tempos tivemos Gilberto Mestrinho, José Sarney, Jader Barbalho e como se não bastasse o estado de Alagoas elegeu Fernando Collor de Mello. Todavia dessa lavagem onde bóiam, surgiu ao senador pelo PTB do Maranhão, Epitácio Cafeteira. Não sei se é fato real ou piada, mas se diz que cafeteira foi um apelido de criança que ele incorporou a nome, pois era somente conhecido por este. O caso aconteceu quando Epitácio estava na escola e a professora lhe perguntou de onde vinha o café, ele sem titubear respondeu prontamente: Da cafeteira. Mas o fato que quero relatar e triste e degradante, nos conta Cláudio Humberto em sua coluna de hoje, que. Cafeteira, como um relés patife, um pulha, um desclassificado, teve o desplante de declarar que o “mensalão ocorreu porque os parlamentares precisam sobreviver”. Fiquei tão acabrunhado que me veio um nó na garganta que não quer desatar. Espero e desejo que meus filho e meus netos, tão orgulhosamente são brasileiros, saibam reagir para que a nação se livre desses iníquos que a tomaram de assalto. (na primeira foto o Palácio Monroe, na segunda Epitácio Cafeteira)
Editado por Giulio Sanmartini às 2/02/2007 02:18:00 AM |
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