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O PARLAMENTO QUE MERECEMOS
Por Pedro Oliveira - Jornalista e Presidente do Instituto Cidadão.

Tomaram posse nesta quinta feira os novos e os não tão novos deputados federais e senadores em Brasília, também os deputados distritais no DF e os estaduais nas unidades federativas. O que poderia ser considerada uma festa da democracia pode e deve, sem erro, ser chamada de “Farra da Cleptocracia”. O que muda no corpo e na alma do Legislativo brasileiro a partir desta nova legislatura? Aparentemente e infelizmente nada. Os vícios, as práticas nefastas, os balcões de negócios sujos com o dinheiro do povo, são os mesmos e alguns até inovados e aperfeiçoados.
Tem inicio um novo período legislativo, mas não um novo tempo em nosso Parlamento, como desejaríamos. Os ranços da podre legislatura anterior já dão evidentes sinais de vida ativa na sessão que marcou a abertura dos trabalhos. Basta observar as cenas públicas e outras tantas privadas dos “negócios” feitos em busca da eleição da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, onde o governo para ganhar a qualquer custo deu cargos, poderes, dinheiro sujo e a alguns autorizou até “vender a mãe” se preciso fosse, desde que não sofresse uma derrota.
O presidente Lula, como sempre em seu discurso fingido e na sua habitual hipocrisia, declarou que “lavou as mãos na eleição para a presidência da Câmara por avaliar que o preço de uma intervenção seria muito alto”. Mentira, pois suas mãos continuam sujas e foram avalistas de todos os negócios que garantiram a escolha de um nome da base aliada, como ficou provado na vitória do estapafúrdio Chinaglia (PT) na disputa com o opaco Aldo Rebelo (PCdoB).
Para nós brasileiros é uma pena a constatação da prevalência do mal sobre o bem, mais uma vez no palco do Congresso Nacional. Os que apoiaram a candidatura do deputado Gustavo Freut (PSDB) bem que tentaram mudar o jogo do poder, mas a maioria acalentada por cargos e negócios sujos optou por mais uma “severinização”. Vai comandar a Câmara dos Deputados alguém que representa o partido que roubou, corrompeu e praticou os mais detestáveis crimes contra a moralidade e a legalidade nacional: o PT.
Para vencer, os aliados do candidato petista se uniram ao Planalto e formaram um “megabloco” (coisas de trágica prévia carnavalesca) com a adesão de oito partidos: PMDB, PT, PP. PR, PTB, PSC, PTC e PTdoB.
Aldo Rebelo foi literalmente derrotado pelo rolo compressor da imoralidade irracional que ajudou a construir, foi alvo da matreira traição do presidente Lula que cedeu aos rubores e odores do partido prostituído que lidera, e vai guardar essa imensa mágoa no interior do seu coração comunista. As conseqüências dos equívocos cometidos na eleição da Mesa da Câmara poderão ter desdobramentos nada agradáveis para o governo a partir de então. Atos isolados de rebeldia começam a ecoar nos corredores atapetados do Congresso e poderão se transformar no mais tardar amanhã em múltiplas “cefaléias políticas” comprometendo a sonhada coalizão do governo com o aliciamento de 11 partidos. O deputado Beto Albuquerque, vice-líder do governo na Câmara dizia: “O presidente Lula disse que queria um eixo de centro-esquerda no seu governo. Nós levamos isso a sério. O PT não fez eixo de centro-esquerda, mas de centro-direita”. Já o barulhento deputado Ciro Gomes, ex-ministro da Integração Nacional declarou “temer que feridas insuperáveis apareçam após a disputa”.
O pior está por vir, no entanto. Fala-se que todo tipo de negócio foi feito em busca da vitória entre os deputados, inclusive um provável e pernicioso “perdão” para o cassado José Dirceu e outros assemelhados, denunciados e punidos criminalmente. Nada nos surpreende vindo de uma junção de partidos que promoveram e têm como estatutos: mensalões, valerioduto, saques aos cofres públicos, evasão de divisas, sonegação fiscal, corrupção, fraude em licitações, superfaturamento em compras de merenda escolar, medicamentos e ambulâncias. É este o Parlamento que merecemos?


Editado por Adriana   às   2/01/2007 09:32:00 PM      |