Nery se orgulha de ter nascido na sua Jaguaquara, Bahia, onde passou sua infância. Aos 10 anos foi para o Seminário de Amargosa, também na Bahia e depois para o Seminário de Salvador onde ficou praticamente uma década. Formou-se em Filosofia e Ciências Jurídicas, mas sua verdadeira paixão sempre foi o jornalismo e a política. Sua primeira experiência eleitoral foi traumática: eleito para a Câmara Municipal de Belo Horizonte, em 1954,mesmo após ser diplomado foi impedido de assumir a cadeira, impugnado pelo TRE sob alegação de que havia sido eleito em nome do Partido Comunista Brasileiro, então na clandestinidade. Foi para Moscou e voltou em 1957 radicando-se em Salvador. No ano de 1962 foi eleito deputado estadual na Bahia, sendo, no entanto preso e cassado pelo regime militar em 1964. Teve seus direitos políticos suspensos pelo presidente Castelo Branco. O Superior Tribunal Militar o absolveu de todas as acusações, sem no entanto lhe ser devolvida a sua cidadania.
No Rio de Janeiro (sua Pátria), trabalhou no Diário Carioca e entre 1965 e 1970 foi editor político da Rede Globo. Passou pelo Correio da Manhã, fundou com Oliveira Bastos o semanário Politika,fechado pelo rigor da censura, assumindo também em 1968 sua coluna na Tribuna de Imprensa.Passou com sua coluna pela Folha de São Paulo e Última Hora.
Em novembro de 1982 quando Brizola conquistou o governo do Rio de Janeiro, Nery elegeu-se deputado federal com mais de 100 mil votos, sendo o segundo mais votado do PDT. Em 1985 em represália a sua postura ética em provar a existência de corrupção no Departamento de Estradas do Rio de Janeiro, foi expulso do PDT sob a alegação de "assumir postura indigna à convivência partidária" (o mesmo PDT de hoje).
Foi assessor especial do governador José Aparecido e o acompanhou quando ele assumiu o Ministério da Cultura. No governo de Fernando Collor foi nomeado adido cultural em Roma. É autor de consagrados livros sobre a política e os políticos brasileiros, entre estes o conhecido "Folclore Político" em vários volumes e edições, Socialismo com Liberdade; Portugal um salto no escuro; Pais e Padrastos da Pátria; Sibéria, Nicarágua; El Salvador e outros mundos; A história da vitória: porque Collor ganhou; A eleição da reeleição; Grandes Pecados da Imprensa, além de outros.
É um cidadão do mundo e conhece como poucos o mundo inteiro. Mas é antes de tudo uma grande figura e um extraordinário amigo. Tenho o privilegio de ser seu amigo há mais de 30 anos, quando o conheci através de Guilherme Palmeira.
Li em sua coluna na Tribuna da Imprensa a nota em que comunica estar completando 55 anos "escrevendo todos os dias para jornal (salvo em férias ou na cadeia)" e informando que " a coluna a partir de agora só três vezes por semana.Preciso terminar um livro". Uma pena que ficaremos menos informados, mas bom que vem por ai um excelente livro.
Na semana passada almocei com ele junto com a sua Bia e a minha Meg, e conversamos muito sobre a política e os políticos brasileiros.Combinamos o seu prefácio para o meu livro "Brasil 2006 – a história das eleições". Foram horas de agradável e carinhoso papo e eu sai mais sábio e informado como todas as vezes que o encontro. Conversar com ele é ter uma aula de história, uma visão crítica da política, é curtir a universalidade de uma cultura privilegiada, passear no passado e ouvir relatos emocionantes e cheios de humanidades. É também conhecer e entender as artimanhas, os conchavos, os golpes que derrubaram presidentes e feriram de morte a história nacional. Foi uma conversa com o homem que mais conhece da biografia política e dos políticos do Brasil: o grande Nery.