Por Laurence Bittencourt Leite, jornalista
Não conheço uma pessoa de gabarito que tenha votado em Lula. Uma sequer. Pessoas próximas a mim, obviamente. E como detesto mundo de massas, e mais ainda política de massas dá para sentir onde paramos e mais ainda, para onde estamos indo. É elitismo? Humm, deixa pra lá. A política de massa, toda ela, desaguou em totalitarismo. Sem exceção. Mas a nossa vocação eterna para a subserviência populista e demagógica é incomensurável, para não falar da nossa vocação autodestrutiva. Podem dizer: e qual a alternativa? Se me perguntarem isso, sem já mencionar a resposta, não precisa dizer mais nada. A resposta é a própria votação do sapo barbudo. Vamos afundando com o sorriso nos lábios. Uma bela imagem que poderia ser pintada aqui em Natal por Newton Navarro se ainda fosse vivo. Por que, claro, Dorian Gray, outro pintor da terra, me parece populista e envolto na festiva. Não há tutano nele.
E claro, não é preciso ter gabardine para se solidarizar com os miseráveis. Claro, que não. Qualquer intelectual subalterno pode fazer isso. E faz. A maioria pertence a festiva. Vivem comodamente fazendo discurso populista. A questão é a alternativa de visão que nos falta, como, por exemplo, como tirar a miséria da miséria. “Eles” propõem o Estado. Estamos nele até hoje. Resultou em quê? Em atraso permanente. Nunca na verdade entramos na tão difamada república “neo liberal”. Nunca. As poucas medidas que conseguimos aprovar, as raras na verdade, organizaram a nossa economia e nos colocaram minimamente na rota do mundo moderno que países como Japão, França e Inglaterra entraram. Deixo de fora os states, para não criar animosidade com os “sensíveis” diante do “monstro e demônio”, como dizem os Aiatolás. Algum engraçadinho pode perguntar: e a democracia também não é mundo de massas? A burrice entre nós é endêmica. O populismo idem. A democracia entre outras coisas permite a alternativa de poder e é o braço político do capitalismo. Aqui nunca tivemos capitalismo, logo... Dizer que estamos votando, é mais uma vez desconhecer o que seja democracia. Claro que me refiro às democracias modernas, que tem dado liberdade inclusive àqueles que a criticam, e querem negar que ela chegue onde não existe justamente por temer a democracia. Esses mesmos se pudessem e estando no poder não dariam nenhuma liberdade aos outros, como fizeram e fazem gatunos como Hugo Chaves, Sadam Hussein, Fidel e Evo Morales e o nosso PT. O exemplo da Coréia do Norte é o caso mais recente: não li um dos antiamericanos e pacifistas defenderem os EUA por ficarem contra os testes nucleares e a fabricação da bomba atômica pelo “homem do bigodinho” da Coréia. Todos calados. Claro, os americanos destruíram Hiroshima e Nagasaki. Mas quem o fez foram os democratas. Logo, repito: silencio total. Ah, a nossa unilateralidade de julgamento. Eles riem. De qualquer forma uma coisa é certa, só sairemos da miséria ou que isso signifique pela iniciativa privada. Os Estados Unidos fizeram isso. Tornou-se o país mais rico do planeta. Ou será que todos os partidos políticos no Brasil não dizem que querem ajudar os simples e tirar o povo da miséria? Todos. A questão é como? Nesse “pequeno” detalhe a quase totalidade opta pelo Estado, o que gerou como corolário ser o que somos. Ora, não existe economia “socialista”, economia alternativa, heterodoxa. Tivemos uma grande oportunidade com os militares em 64, mesmo sob uma pseudoditadura, e claro eu prefiro qualquer porcaria a ditadura, mas os militares são mais “socialistas” que os nossos socialistas e estatizaram esse país de ponta a ponta. Um desastre ainda pior, porque deram um golpe de estado pregando o contrário. Agora, o sapo barbudo tenta fazer um mix, no sentido macro o que ele adota (talvez a contragosto) é um conservadorismo meia-bomba, que vem impedindo o crescimento do país. Mas mesmo assim, quem sustenta o “Bolsa família” é a iniciativa privada. O problema é que empresário nesse país sofre de sentimento de culpa de tanto que é acusado. Em última análise as nossas questões são todas freudianas. A iniciativa privada se ressente do lucro que tem, e aceita que populistas como Lula, se perpetuem no poder financiando a pobreza. Mas há claro, além da questão freudiana, o mau caratismo. Há um caso aqui no RN de tentativa de tirar a candidatura vencida nas urnas por Rosalba Ciarlirne ao senado, pelo candidato derrotado do governo. Nenhum dos “oficiais” acusam a tentativa de jogo sujo, de querer ganhar no tapetão, de não conformismo, etc. Até aplaudem. Devem achar que é legitimo. Mas se a oposição tentasse ou fizesse o mesmo com a vitória da situação, já teriam soltado suas baterias. Claro, o interesse é meramente pessoal. Mas dizer isso é ir contra a classe. Eles só vêem legitimidade na crítica que eles fazem. Como disse Rosa Luxemburgo, a liberdade é sempre a liberdade de quem discorda de nós. E quem defende o interesse pessoal, reparem são exatamente os que se dizem socialistas. Imagine. Isso não seria próprio do “egoísmo” dos capitalistas? Não é à toa que esse país não vai para frente. Mas um bom passatempo é acompanhar como se portam os socialistas. Ah, isso é bom passatempo.
Editado por Adriana às 11/14/2006 10:27:00 AM |
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