Por Giulio Sanmartini
No dia 15 de março de 1990, haviam-se passado quase trinta nos, que no Brasil tomara posse um presidente livremente eleito por voto direto (Jânio Quadros 31/01/1961). Naquele dia quem estava recebendo a faixa presidencial era Fernando Collor de Mello. Somente nove dias depois, agentes da Receita e da Polícia Federal invadiram o jornal “Folha de São Paulo”, por ordem do presidente e de sua poderosa ministra da Economia Zélia Cardoso de Mello, a desculpa foi esfarrapada, o problema real é que aquele noticioso fora contra algumas posturas de Collor durante a campanha. No dia seguinte a folha publicou um editorial escrito por Marcelo Coelho que começa assim: “Esta Folha que criticou duramente a candidatura de Fernando Collor – como, aliás, todas as outras -; mas que aprovou a audácia do presidente na edição de medidas econômicas, vê essa audácia transformar-se em prepotência e tirania; vê nos apelos do chefe de Estado aos ‘descamisados’, nas ameaças que profere à livre iniciativa, na arrogância incontrastável de suas atitudes, na precária corte de bajuladores que se acanalham à sua volta e no espetáculo desorganização política, de obscurantismo e mistificação que se estabelece em seu governo, os sinais inequívocos, alarmantes e inaceitáveis de uma aventura totalitária [...]”.
O novo presidente recém reeleito, Luiz Inácio Lula da Silva, nem tomou posse e, pela Polícia Federal, através de seu Ministro da Justiça, tentou estuprar intelectualmente alguns jornalista da Veja, que “ousaram” querer, com um correto e saudável jornalismo investigativo, esclarecimentos sobre mais uma das bandalheiras que vagueiam entre a morada presidencial e às portas de seu gabinete, que grassam como erva daninha em seus canteiros. Esses profissionais foram pressionados e constrangidos, por aqueles que deveriam estar apurando os crimes, que eles dentro do espírito de seu trabalho pretendiam (espero que continuem pretendendo) trazer à luz. Nada diferente do que Collor fez há 16 anos. Sempre vi Collor e Lula bem parecidos, mas também achava que primeiro era louco no sentido clínico, pois não via a realidade e vivia em seu mundo. Agora com espanto vejo que essa diferença não existe. Os falsos humildes, como Lula, são na realidade os grandes prepotentes e arrogantes. Sua sede de poder é insaciável, mente, fantasia, da as suas pequenas realizações uma dimensão que não tem, assim para os mais esclarecidos, ele consegue tão somente “peter plus haut que son cul” (*). Durante seu primeiro governo para perpetuar-se, não teve pejo em comprar o Legislativo, manipular o Judiciário, valendo-se das ações e omissões criminosas do ministro Nelson Jobim. Embriagado pela votação recebida, pensa-se dono da nação e começa, perigosamente a agir assim. Se o eleitor brasileiro votou no dia 29/10 para ter uma ditadura, temo dizer, que muito antes que eu pensasse ela está lentamente chegando e, se não for detida a tempo se instalará inexoravelmente. (*) em português “peidar mais alto que seu cu”, me desculpem pela grosseria, mas não vejo outra definição.
Editado por Adriana às 11/01/2006 05:13:00 PM |
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