Do site Videversus
A Secretaria de Educação de São Paulo instaurou há duas semanas sindicância em três escolas públicas da Grande São Paulo para apurar a participação de colombianos em palestras e debates em defesa das idéias dos dois principais grupos guerrilheiros da Colômbia, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o Exército de Libertação Nacio nal (ELN). As sindicâncias referem-se a palestras feitas nos últimos nove meses em escolas de Osasco, a cidade dominada pelo mensaleiro deputado federal João Paulo Cunha. A secretaria está ouvindo diretores, professores e funcionários sobre as circunstâncias em que ocorreram essas reuniões. O governo de São Paulo já apurou que as palestras fazem parte de uma ofensiva diplomática dos guerrilheiros narcotraficantes, que vem sendo empreendida por porta-vozes ou colaboradores das Farc e do ELN no Brasil.
Conforme depoimentos à imprensa de dois colombianos que se apresentam como porta-vozes dos grupos no Brasil, eles dizem que, nos últimos dois anos, "companheiros" vinculados à guerrilha estiveram em mais de 20 cidades, de pelo menos sete Estados brasileiros, defendendo seus pontos de vista em escolas públicas, universidades e sindica tos. O objetivo das visitas, segundo Milton Hernández, do ELN, é bem definido: tentar forjar uma mobilização internacional de oposição ao Plano Colômbia que conte com o apoio de brasileiros. Hernandéz, de 48 anos, que está há 18 anos na luta armada, afirmou já ter estado em cinco debates escolares no Brasil, desde 1999. Visitou Recife, São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Fortaleza. Segundo ele, há outros seis representantes do ELN no Brasil. Mauricio Valverde, da comissão internacional das Farc, declarou já ter participado de palestras em mais de 20 cidades brasileiras desde que chegou ao País, há 11 meses: "Temos convites de todo o Brasil, de Fortaleza, Manaus, Porto Alegre, Florianópolis, Pelotas, Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Santos, Rio de Janeiro, São Paulo". Muitos dos debates são promovidos por grupos brasileiros de esquerda. Um dos mais ativos é o Com itê Permanente de Solidariedade aos Povos em Luta, que atua em São Paulo. Desde julho de 2000 organizou mais de 40 palestras na capital e Grande São Paulo, segundo Magno de Carvalho, um dos articuladores do grupo e presidente do Sindicato dos Trabalhadores da USP. O Comitê de Solidariedade é uma coalizão com um total de 30 grupos participantes, entre os quais o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), PC do B, PSTU, além de sindicatos e ONGs. O comitê tem também uma base no Rio de Janeiro, onde palestras sobre o tema já foram organizadas nas favelas da Rocinha, de Vilar Carioca e do Morro Dona Marta. Em Brasília, Fortaleza, Porto Alegre e Belém outros grupos anti-Plano Colômbia também têm organizado reuniões públicas sobre o tema.
Editado por Adriana às 11/01/2006 04:14:00 PM |
|