Por Carlos Chagas na Tribuna da Imprensa
BRASÍLIA - Nossos presidentes, cada qual com linguajar específico, sempre desenvolveram o raciocínio de não admitir governar sob pressões. E não foram apenas os generais que diziam isso, peito estufado e acordes do Hino Nacional ao fundo. Na maioria das vezes, todos quebraram a cara, esquecidos da lição de John Kennedy, para quem governar era administrar pressões. Tome-se o presidente Lula. O País viu e ouviu suas declarações, logo depois de reeleito, de que em dezembro anunciaria o ministério do segundo governo. Até começou a conversar a respeito, convocando governistas do PMDB, governadores de diversos partidos e líderes parlamentares esparsos, além de sua própria turma, do PT. Pois o que acontece agora?
O presidente voltou atrás, disse não ter pressa. Time que ganhou não se muda, arrematou, para dizer que só depois da escolha dos presidentes do Senado e da Câmara pensará em mexer no ministério. Significa o quê, a reviravolta? Pressões de seu próprio partido, do PMDB, dos aliados fiéis e dos que se propõem a apoiá-lo. Até ontem estava confirmada a ida do presidente do PMDB ao Palácio do Planalto. O encontro estava sendo precedido da declaração de Lula de que só cuidará da reforma ministerial depois da decisão pela permanência de Renan Calheiros no Senado e de Aldo Rebelo na Câmara, ou de alguma surpresa. Por quê? Porque o presidente já comentou que gostaria de conversar com o PMDB depois da substituição de Michel Temer, cujo mandato termina em março... Junte-se ao prato a pimenta que movimentos sociais prometem espalhar, exigindo mudanças profundas na política econômica e até a demissão de Henrique Meirelles do Banco Central. Quem influencia o MST, a UNE e os sem-teto? O PT, com ênfase para os líderes defenestrados ao longo dos últimos dois anos. Pressões, assim, pipocam aos montes sobre o presidente da República, levando-o a adiar para os idos de março aquilo que prometeu para dezembro...
Editado por Giulio Sanmartini às 11/23/2006 04:43:00 AM |
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