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CRUZAMENTO DE DADOS COMPLICA TRÊS ALOPRADOS
Na Tribuna da Imprensa

BRASÍLIA - O cruzamento dos dados dos sigilos telefônicos dos envolvidos na compra do dossiê Vedoin com as imagens registradas pelas câmeras de segurança do Hotel Íbis de São Paulo complicam a vida do ex-assessor de Risco e Mídia da campanha do presidente reeleito Luiz Inácio Lula da Silva Jorge Lorenzetti, do ex-diretor de Gestão de Risco do Banco do Brasil (BB) Expedito Veloso, responsável pela checagem da veracidade do dossiê, e do ex-secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Trabalho Osvaldo Bargas, que foi a Cuiabá junto Veloso para acompanhar a operação de divulgação do dossiê.
Lorenzetti, Veloso e Bargas negaram à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Sanguessugas envolvimento com qualquer operação financeira em torno dos documentos. Mas, segundo dados levantados pelo sub-relator de Sistematização da comissão parlamentar, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), o ex-coordenador de Comunicação da campanha do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) Hamilton Lacerda - apontado pela Polícia Federal (PF) como "o homem da mala", que teria entregue no Íbis o R$ 1,75 milhão destinado ao pagamento pelo dossiê - ligou para Lorenzetti segundos depois de deixar o dinheiro no hotel, na manhã de 13 de setembro.
"Estes dados nos permitem afirmar, num raciocínio lógico, que os dois estavam falando sobre a entrega do dinheiro", afirma Sampaio. "É evidente", completa.
Um outro cruzamento mostra que o advogado Gedimar Passos, também integrante da inteligência do PT e preso no Íbis com parte do dinheiro supostamente destinado à compra do dossiê, foi filmado no saguão do hotel falando ao telefone entre 10h12 e 10h23. Exatamente nesse período, conforme os sigilos, Passos ligou para Veloso três vezes: às 10h12, às 10h14 e às 10hs15. Juntas, as três chamadas somam 5 minutos e 49 segundos de duração.
Para Sampaio, Lacerda estaria prestando contas a Lorenzetti sobre a entrega do dinheiro. Além dessas, há várias outras trocas de telefonemas entre Passos e Veloso antes e depois da entrega do dinheiro. "Eles falariam sobre o quê, a não ser sobre isso? É evidente que Expedito acompanhou pelo telefone todo o processo de entrega do dinheiro", diz o deputado.
A análise dos sigilos telefônicos conjugada com as imagens captadas pelas câmeras do hotel mostram que Lacerda, ainda dentro do Íbis, telefonou para Bargas. Conforme as imagens, o "homem da mala" entrou no Íbis às 8h51, subiu no elevador a caminho do quatro de Passos às 8hs58 e deixou o prédio às 9h20 sem a mala preta que carregava.
Enquanto Lacerda está no apartamento com Passos, faz duas ligações seguidas para Bargas, uma às 9h13n, com 38 segundos de duração, e outra às 9h14, que durou 40 segundos. "É importante frisar que as chamadas se dão enquanto Gedimar e Lacerda estão no quarto", ressalta Sampaio.
Para ele, os cruzamentos são uma evidência de que os três mentem quando dizem que não tinham relação com a entrega.
Sampaio conseguiu elaborar o estudo nos últimos dois dias, depois da remessa do laudo pericial com a identificação, quadro a quadro, das imagens registradas no hotel. A CPI aguardava o documento há semanas. "Fizemos estes cruzamentos em menos de dois dias. A Polícia Federal tem estes dados há quase dois meses e não nos enviou", reclamou.
O deputado defendeu que o delegado Diógenes Curado Filho, responsável pelo inquérito, explique à comissão os motivos do atraso. Há duas semanas, a CPI indagou à PF sobre a demora na remessa das gravações integrais registradas pelo circuito de segurança do Íbis, considerado um material crucial para as investigações. A PF informou que as imagens estavam ainda indisponíveis, sob análise técnica da perícia.


Editado por Giulio Sanmartini   às   11/23/2006 04:33:00 AM      |