Entrevistas
Arthur Virgílio
Gerson Camata
Júlio Campos
Roberto Romano - 1ª parte
Roberto Romano - 2ª parte
Eluise Dorileo Guedes
Eduardo Mahon
p&p recomenda
Textos recentes
Arquivo p&p
  
Quem já não viu este filme?
Lendo a coluna de Eliane Cantanhêde, na FSP, uma pergunta me vem à cabeça: quem já não foi xingado por lulistas? O problema, Dona Eliane, é que isto já ocorria muito antes das eleições. Não é novidade. Quando a jornalista diz que os leitores não têm idéia do que eles, jornalistas, recebem de mensagens ofensivas, certamente está equivocada. Temos sim.
Desde a eclosão do escândalo do Mensalão, em um primeiro e fugaz momento, os petistas, acuados e ainda envergonhados, passaram pouco a pouco a usar a tática de desqualificação dos acusadores, testemunhas das CPIs e da midia.
O processo começou na elite petista. Logo o "andar de baixo" do PT, formado por militantes xiitas aparecia, orientado a atacar com mais força e nivel menor, em todos os campos.
A campanha eleitoral só fez crescer a atitude agressiva dos lulistas, aí já estimulados abertamente pelo comando de campanha. Invasões de sites, bloggers, monitoramento de blogs, intervenções em comentários ( sempre ofensivos), emails aos leitores cujas cartas aos jornais indicavam voto não-lulista, propagação de mensagens com virus, tudo isso aconteceu á farta, sob os olhares complacentes de muitos jornais. A ordem era "dar combate" aos não lulistas.
Não se tratava de paixão eleitoral. Era o recrudescimento de uma atitude estimulada anteriormente pelo PT. Quem não se lembra de Berzoini convocando a militância para um verdadeiro policiamento na Internet? Paixão eleitoral é diferente, se faz no nível das idéias. Nunca houve necessidade de ofender e xingar, para se discutir política.
O anonimato de tais mensagens e textos é, ao meu ver, caso pensado. Assim como Lula abusa do sujeito indeterminado, sem dar nome aos bois ("disseram que" é uma frase muito usada por ele), seus seguidores usam do recurso, a fim de fugir da responsabilidade jurídica por tais atos.
Infelizmente, muitos jornalistas não se deram conta que a sujeira atirada no rosto de alguns, acabaria sendo atirada também sobre eles. Era questão de tempo. Seu próprio silêncio e a falta de condenação a estes atos levariam, fatalmente, à disseminação da prática da calúnia, agressão e difamação.
Talvez por leniência, grande parte da midia preferiu ignorar os ataques sofridos pelos não-petistas, que já eram prenúncio dos atos autoritários que vimos assistindo. Abateu-se sobre a midia polticamente correta simpática à Lula a famosa "síndrome do avestruz". Não enxergavam o que nos doía aos olhos.
Não adianta chorar, agora. Inês é morta.

Começou mal - Eliane Cantenhede

BRASÍLIA - Enquanto Lula faz pose de estadista e fala manso em todas as TVs, pedindo uma trégua à oposição em nome da governabilidade, do bem do país, da tranqüilidade dos brasileiros e não sei mais o quê, o tom no PT é muito diferente. O ministro da articulação política, Tarso Genro, e o presidente do partido e coordenador da campanha de Lula, Marco Aurélio Garcia, metem a ronca na imprensa, incentivando, indiretamente, uma reação raivosa contra os jornalistas. Você, leitor, não tem idéia dos e-mails que os petistas que não têm nada de "paz e amor" fazem circular pela internet e mandam aos montes para jornalistas, inclusive para nós, colunistas da Folha, agressivos e, não raro, injustos.Num e-mail, um alucinado me chamou de "vaca nazista" por considerar que, ao registrar e comentar todos os escândalos produzidos no primeiro mandato de Lula, eu seria "antilulista", "antidemocrática", "da direita e da elite". Há um oceano entre o discurso de Lula e os desses lulistas, como há um oceano entre os fatos e as versões, que não reconhecem o parecer do procurador-geral da República, acusando a existência de "uma quadrilha", nem a compra de partidos e parlamentares, nem compra de dossiê, nem os processos contra os ex-ministros Palocci e Dirceu. Essas coisas não são e não foram criação de jornalistas, muito menos dos colunistas da Folha. São fatos, estão sendo apurados e divulgados, como em todos os governos pós-ditadura militar. Jornalistas não somos santos. Mas querer transferir responsabilidades e partir para a ignorância não leva a nada. E atrapalha, muitíssimo, qualquer tentativa de pacificação do clima político, como deseja -e precisa- o próprio Lula. Críticas, sim, até porque nós somos muito críticos e temos de saber ser criticados. Mas não a agressões e palavrões, muitos deles anônimos e duplamente covardes.


Editado por Anônimo   às   11/02/2006 08:34:00 AM      |