Ralph J. Hofmann – 24/11/06
Quando se quer jogar tomates podres virtuais nos governos de FHC as privatizações são a principal arma usada.
Somos confrontados com alegados mistérios quanto ao que foi pago ou não foi pago, onde foi parar o dinheiro, etc.
Não sou auditor nem atuário e não pisarei nessa seara. Mas gostaria de colocar alguma considerações.
Ao longo de toda a década de 80, nós que trabalhávamos no setor privado saibamos que se o país ocupasse sua capacidade ociosa na indústria teríamos um apagão. Não se estavam construindo usinas. O governo alertado dizia que não tinha recursos para construir novas usinas. E não tinha mesmo. Mas os burocratas rangiam os dentes até para iniciativas (poucas) da indústria privada em que certas empresas ou operariam usinas ou as comprariam e expandiriam. Micro-usinas em pequenas quedas de água? Nem pensar! DE fato, houve um apagão. E haverá outros, pois se crescermos 5% a.a. ou melhor o dia (2010,2012, 2014) em que crescermos nessas taxas esgotaremos todas as reservas.
O aço produzido no Brasil era barato ao exportarmos, caro para a produção interna de produtos a exportar. Os produtos de aço consumidos internamente eram caros.
As empresas do governo regularmente recebiam ajuda do tesouro. Mesmo as que não buscavam ajuda do tesouro pouco contribuíam em impostos.
As empresas do governo não tratavam seus funcionários como empregados da indústria. Tratavam-nos, em termos de estabilidade e aposentadoria, como funcionários públicos, ou seja, difícil despedir alguém e seus fundos de pensão eram fortemente socorridas pelo tesouro.
As empresas do governo possuíam em seus quadros pessoas cujas funções nada tinham a ver com os objetivos da empresas. Eram fontes convenientes de salários de não-concursados para os apadrinhados. E eram centenas de pessoas nessa condição.
Calculemos tudo isto, e veremos que essas empresas, mesmo deixando rombos no BNDES quando de sua privatização aliviaram os contribuintes de uma carga onerosa. Pena que essa carga tenha sido substituída por outros ônus, que agora são pagos pelos impostos sobre os lucros dessas ex-estatais.
Essas empresas nunca representaram ativos. Com honrosas e raríssimas exceções representaram passivos passados e futuros.
Sugiro a alguém mais competente que eu que faça essas contas. Dadas de presente saíram barato para a nação.
Editado por Ralph J. Hofmann às 11/24/2006 12:43:00 AM |
|