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BARGAS ENTREGOU O JOGO
Correio Braziliense

Involuntariamente, ao depor ontem na CPI dos Sanguessugas, o ex-sidicalista Osvaldo Bargas recolocou a crise do dossiê nos trilhos da campanha pela reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em três oportunidades, Bargas informou aos parlamentares que a negociação com o chefe da máfia, Luiz Antônio Vedoin, tinha por objetivo provar que a roubalheira no fornecimento de ambulâncias ao setor público nascera no governo Fernando Henrique Cardoso, não na gestão Lula. Ou seja, tratava-se de um ato do comitê eleitoral do presidente da República.

A informação é relevante porque, no mês passado, o delegado federal Diógenes Curado assinou um relatório preliminar, no qual contrariava todos os indícios acumulados na investigação. Dizia ele que a compra do dossiê pelos petistas visava minar o favoritismo do tucano José Serra na reta final da eleição para o governo do estado de São Paulo. Assim, Curado afastou do Palácio do Planalto um possível crime eleitoral, e apontou na direção do petista derrotado na eleição paulista, o senador Aloizio Mercadante.
A primeira menção de Bargas ao real objetivo da trama do dossiê deu-se quando ele respondia a perguntas do deputado Fernando Gabeira (PV-RJ). “O que se falava era que a máfia tinha se criado no governo Lula. E as informações que eu tinha é que não era bem assim”, disse, sem se dar conta do que acabara de fazer.

Depois, o relator Amir Lando (PMDB-RO) percebeu o trinco na versão criada desde o relatório preliminar da Polícia Federal e foi direto ao ponto: “O dossiê era para a campanha presidencial?” Bargas percebeu que estava acuado. Mas não desmentiu. “Acho que o assunto interessa a toda a sociedade”, arriscou, em tom de esquiva.Mas outro parlamentar da oposição, o deputado Júlio Redecker (PSDB-RS), voltou ao tema, questionando Bargas sobre a entrevista concedida por Luiz Antônio à revista IstoÉ. Bargas atuou como intermediário entre os Vedoin e a revista. “Nós estávamos numa guerra de imprensa e alguns veículos já tinham se engajado”, falou, referindo-se à crença disseminada entre petistas de que os grandes jornais do país haviam se alinhado ao tucano Geraldo Alckmin durante a disputa presidencial.

“O depoimento do Bargas trouxe uma pequena revelação, de que o dossiê servia à campanha do Lula, não à campanha do Mercadante, como tinha dito o delegado lá de Cuiabá”, disse

Gabeira, ao final da sessão. “Essas coisas são assim mesmo, vão sendo esclarecidas aos pouquinhos, não temos uma bala de prata que dispara e resolve tudo.”


Editado por Anônimo   às   11/23/2006 09:35:00 PM      |