Por Ricardo A. Setti no Jornal do Brasil
O noticiário político borbulha com a movimentação em torno dos cargos no novo lulalato que se aproxima. Na articulação política, pode sair o ministro Tarso Genro (PT), e pode entrar muita gente - de Nelson Jobim (PMDB, ex-ministro do Supremo Tribunal) a Jorge Viana (PT), ex-governador do Acre. Se Genro deixar o cargo, há quem diga que ele queira ir para o Ministério da Justiça, no lugar de Márcio Thomaz Bastos (advogado próximo ao PT), que volta para casa. Mas a vaga de Márcio igualmente estaria cotada para Sepúlveda Pertence, ministro do Supremo que se aposenta este ano. E por aí vai.
Pode acontecer tudo isso, e também pode não acontecer nada disso, porque o presidente Lula está adorando fazer suspense sobre quem fará parte de seu vastíssimo elenco de 34 ministros, centenas de cargos de primeiro escalão e milhares de outros de importância média espalhados Brasil afora. O mais visível é a voracidade dos partidos da chamada "base aliada". Todos, claro, falando em nome da "governabilidade", mas de olho gordo em cargos, orçamentos graúdos, o apoio do presidente para postos-chave no Congresso - em suma, nas incontáveis possibilidades de extrair vantagens da máquina pública. O PT remancha, resmunga e reclama por saber que, supostamente, perderá ministérios. O PMDB, ou ao menos a parte governista desse caleidoscópio fisiológico de caciques regionais, quer participar "do núcleo das decisões". O PP - sim, o PP malufista, hoje de braços dados, feliz, com Lula - quer subir de um para três ministros. O PTB finge que não quer nada, mas trabalha para receber um naco maior do bolo. O PSB segue trilha semelhante. Governadores gulosos também miram parcelas do poder como um butim. E assim por diante. As tratativas para a montagem de governo estão desnudando para a opinião pública um processo em que o Planalto, o PT, os demais partidos aliados e seus dirigentes discutem tudo - o tal "espaço" de cada partido, a importância dos cargos em distribuição e até como ficam as coisas para as eleições municipais de 2008. Tudo, tudinho, exceto uma coisa: que políticas públicas serão implementadas
Editado por Giulio Sanmartini às 11/20/2006 02:11:00 PM |
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