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"TÁ FALTANDO UM"
Por Giulio Sanmartini

José Sarney teve um governo difícil, pois o escolhido mesmo indiretamente, mas com a aprovação da grande massa de braseiro havia sido Tancredo Neves, que nem chegou a assumir, deixando-se demagógicamente que morresse no dia 21 de abril, uma data nacional ligada a Tiradentes e a sua cidade Natal (São João Del Rei). Mas foi mantendo a faixa com sua capacidade engolir sapos de todas as espécies e tamanhos. Quando da mal fadada Constituinte, sabia-se que daria no que deu, mas Sarney paralelamente a ela, criou oficiosamente um grupo de notáveis para elaborar a minuta do que deveria ser a Constituição. O grupo estava mais para piada que para coisa séria, era um viveiro de avis rara, para citar um exemplo: Jorge Amado também fazia parte do grupo, mas tomado pelos achaques da velhice passava mais tempo cochilando que prestando a atenção às intermináveis e estéreis discussões, quando chamado a opinar, acordava assustado de seu letargo e invariavelmente gritava a saudação Sarava! e voltava a fechar os olhos.
Lula também, quando foi derrotado por Fernando Collor de Mello, criou com fanfarras e rojões de apito um governo paralelo de notáveis (na época ainda se pensava que o Partido dos Trabalhadores tivesse algum), não deu em nada pois governar, mesmo que seja paralelamente, exige algum trabalho e isso não é com ele mesmo.
Agora informa Josias de Souza em seu Blog na Folha de São Paulo que Lula deseja criar no Palácio do Planalto um novo organismo de assessoramento governamental. Seria, nas palavras dele, um “conselho de ex-presidentes da República”. Seria uma maneira de o governo “aproveitar a experiência” daqueles que já dirigiram o país.
Consultado sobre a idéia, o ex-presidente José Sarney (PMDB) a aprovou. Antes de assumir o segundo mandato, Lula vai convidar os antecessores Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Itamar Franco (sem partido) para saber se aceitam tomar parte do novo conselho.
Tudo bem, de inutilidades em inutilidades o presidente da República vai empurrando o governo com a barriga, sem abrir mão de sua ergofobia (horror mórbido ao trabalho).
Já que está cada vez mais se empantanando no perigoso terreno da galhofa, por que não chamar também os vice que assumiram por poucos dias ou horas; desde Marco Maciel até Aldo Rebelo?
Por outro lado a proposta já começa viciosa no nascedouro. Dos “notáveis” (e ponha notável nisso) que chamará somente Fernando Henrique Cardoso foi eleito por voto direto. Sarney a Itamar sentaram na cadeira presidencial sem ter tido um voto se quer, portanto cabe a pergunta: Por que não chamar seu novo “amiginho”, o ex presidente e atual senador Fernando Collor de Mello, que depois de décadas foi o primeiro presidente eleito por voto direto?


Editado por Giulio Sanmartini   às   11/20/2006 08:25:00 AM      |