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A IMPORTÂNCIA DO ENCONTRO
Por Fabio Grecchi na Tribuna da Imprensa

Conversando sábado com um deputado do PMDB, que não se classifica como governista tampouco oposicionista, falava dos riscos da estratégia de Lula em deixar para fevereiro, depois da eleição das presidências das duas Casas do Congresso, o fechamento do ministério. Explicava que se quiser a fidelidade e, sobretudo, a paciência do partido, o presidente terá de fechar o apoio institucional da legenda, quarta-feira, na reunião com o deputado Michel Temer (SP).
A explicação é simples. Como Lula tem negociado no varejo, com alguns dos líderes peemedebistas, a parte que tem assistido às movimentações se sente desobrigada com qualquer compromisso formal com o governo. É justamente a parte de Temer que se considera assim. O presidente do PMDB tem enorme ascendência sobre o grupo enjeitado, cuja maioria dos integrantes não vê a hora de aderir. E só não se rebelou porque sabe bem que, se continuar de fora, chegará o momento em que o governo terá de negociar com ele matérias que considera importantes. Nestas horas, o preço a ser pago pelo Palácio do Planalto costuma duplicar, às vezes triplicar.
Esta é a grande e única vantagem da transação de varejo, que se reflete sobre a liberação de emendas parlamentares. No mais, ficando fora do governo formalmente, perde-se a chance de ampliar horizontes e cacifes, indicando apaniguados para cargos fundamentais.
Segundo este deputado, o PMDB hoje está dividido em 50%. Para o governo, que pretende manter o controle das duas Casas do Congresso, a defecção neste percentual é perigosa. Daí a importância da conversa entre Lula e Temer quarta-feira: confirmada entre eles a subida do partido para o governo, bem como os espaços a serem ocupados, a legenda marcha unida na direção de apoiar um único nome para a presidência da Câmara e facilitar a reeleição de Renan Calheiros (AL) no comando do Senado.
Além disso, o setor mais afoito do partido, que está com Temer e deseja saber o quanto antes a qual naco do governo fará jus, deixará de fazer pressão em favor da postura dita independente. Que nada mais é do que criar dificuldades para obter facilidades usando a cartilha do próprio governo.
Mesmo porque, já se viu este filme na eleição de Severino Cavalcanti. Naquele episódio, quando o Palácio do Planalto mostrou incrível incompetência ao não conseguir abortar uma candidatura independente dentro da própria bancada do PT, o PMDB - que tinha aberto mão de concorrer com um nome próprio, o então deputado José Borba (PR), por obra e graça do grupo governista do partido - promoveu a ascensão do azarão do PP. Que forçou o segundo turno com Luiz Eduardo Greenhalgh e acabou levando a disputa com larga margem de vantagem.



Editado por Giulio Sanmartini   às   11/20/2006 02:09:00 PM      |