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ENTENDIMENTO DE RESULTADOS
Por Dora Kramer em O Estado de São Paulo
O presidente Luiz Inácio da Silva logo depois de reeleito anunciou a intenção de reunir os 27 governadores, uns igualmente reeleitos, outro eleitos, para pedir a eles apoio a fim de tocar a agenda do País.
Pareceu pretender repetir com nova roupagem a cena do início de 2003, quando desceu a rampa do Palácio do Planalto acompanhado dos chefes de Executivos estaduais e com eles atravessou a Praça dos Três Poderes para entregar ao Congresso as propostas de reformas tributária e da Previdência.
Desta vez, porém, terá alguma dificuldade, se é que não precisará desistir do intento. Os governadores anteciparam-se e, invertendo o sentido da frase de John Kennedy - 'Não pergunte o que seu país pode fazer por você, mas o que você pode fazer pelo país' -, montaram cada um uma extensa agenda de pedidos a fazer ao presidente.
Estão mais interessados em tratar de viabilizar suas administrações do que em emprestar sustentação política para o presidente mostrar força diante da Nação e do novo Congresso ainda não empossado.
Se mantiver a idéia de reuni-los todos juntos, Lula corre o risco de promover um encontro de demandas inexeqüíveis, porque evidentemente quase todas implicam alguma perda para a União.
Os governadores cumprem seus papéis, mas ao presidente interessaria que, antes das posses, pudessem ao menos posar para uma foto em encontro político simbólico do 'entendimento' proposto por Lula, mas aceito pela oposição com restrições. O PFL, por exemplo, não quer ir ao Palácio do Planalto e o PSDB acha difícil recusar, mas pede a apresentação de uma pauta objetiva de trabalho. Só para tomar 'um cafezinho', não vão.
Já os governadores não receiam interpretações do gênero. Apenas são pragmáticos e trataram de alinhavar desde o início suas reivindicações, todas baseadas em algum tipo de concessão por parte do governo federal, como a eterna proposta de renegociação das dívidas estaduais, conclusão de grandes obras com ajuda da União, assinaturas de convênios para tocar projetos sociais e de infra-estrutura, repasses de tributos e criação de fundos de recursos para o desenvolvimento.
Evidente que o presidente Lula pode reunir os governadores para uma 'social' sem precisar atender a suas demandas. Só que ele, Lula, também tem algo de importante a pedir para os governadores: apoio de suas bancadas para as prorrogações da CPMF e da DRU (Desvinculação de Receitas da União), por meio da qual a União pode mexer livremente em 20% dos recursos constitucionalmente comprometidos para setores como saúde e educação.
A necessidade objetiva, portanto, é que presidirá as relações do presidente com os Estados. Muito mais que quaisquer questões de ordem política. Estas serão resolvidas, ou não, no campo de batalha do Congresso.


Editado por Giulio Sanmartini   às   11/07/2006 08:02:00 AM      |