Por Tales Faria no Jornal do Brasil
Desculpe a comparação, mas ela é a que melhor descreve a conversa de ontem entre o presidente Lula e seu velho partido, o PT: foi coisa de ex-marido comunicando à mulher que vai se casar com a amante. Os líderes do PT saíram com a sensação de mulher traída. Ouviram de Lula que eles não têm do que reclamar. Afinal, ficarão com boa parte dos bens do velho casamento. Lula cedeu à futura mulher, no caso, o PMDB, que no governo passado foi tratado como amante e que desta vez exige bodas oficiais. Não é brincadeira, não! O deputado Jader Barbalho (PMDB-PA) está até escrevendo uma espécie de programa de governo da coalizão PT-PMDB. Vai servir como certidão de casamento. O “papel passado”, como diziam nossos avós. Como uma ex-mulher ferida, o PT saiu do Palácio dizendo que ainda vai lutar pelos seus direitos, ameaçando disputar a presidência da Câmara, por exemplo, só para atrapalhar a boda do novo casal. Se fizer isso, impede o casamento oficial entre o PMDB e o PT, desfazendo a base parlamentar e abrindo espaço para a oposição, que só pensa em acabar com Lula. Ou seja, a ex-mulher, nesse caso, praticamente estaria matando o ex-marido provedor. É esse o dilema que os petistas que visitaram ontem o presidente levaram para casa.
Editado por Giulio Sanmartini às 11/17/2006 01:05:00 PM |
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