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Por Fabio Grecchi na Tribuna da Imprensa

A definição de Marco Aurélio Garcia, presidente em exercício do PT, de que o espaço de um partido não se mede em metros quadrados, mostra uma significativa distância da beligerância que alguns integrantes da legenda vinham defendendo no sentido de ocupar o maior número possível de cadeiras. Ontem, frente a frente com o presidente Lula, não se viu disposição semelhante à que teve o senador Aloízio Mercadante (SP), quando pediu mudanças na política econômica, dias atrás.
O que Lula deixou evidente para o PT é que o partido teve sua chance. Foram vários os personagens que fracassaram no primeiro mandato, exatamente porque não tinham competência para ocupar certos cargos reivindicados. Existia naquela época, entre o presidente e a legenda, uma interdependência que se desfez a partir do momento em que os escândalos envolvendo petistas mal roçaram a carcaça de Lula.
O próprio presidente subiu ao poder sem saber exatamente qual era seu capital eleitoral e qual o capital eleitoral do PT. Alguns dirigentes do partido espertamente queriam fazer Lula acreditar que era tudo uma coisa só, algo que o tempo se incumbiu de desmentir. Esta mistura de patrimônios foi a chave para que se cometessem vários erros na coordenação política. As demais legendas receberam sobras, um tanto por causa do aprisionamento do presidente pela máquina partidiária, mas outro tanto por preguiça de pensar e comodismo do próprio.
No loteamento do governo, o PT ou mandava em cima ou mandava embaixo, o que fazia com que o partido que controlasse determinada autarquia tivesse o raio de ação limitado. Vale lembrar que o escândalo envolvendo o propinoduto veio à tona assim, numa disputa menor por poder dentro dos Correios.
Agora, Lula não apenas limitará as delegações que fará, como já sabe que ele é uma coisa e o PT, outra. O partido depende mais dele do que o contrário. Por isso é que não se abalou com os esperneios e, encarando de frente o Conselho Político da legenda, disse-lhe que o tamanho do partido no governo será o que ele, Lula, quiser.
E ninguém teve coragem de contestá-lo.


Editado por Giulio Sanmartini   às   11/17/2006 01:03:00 PM      |