Por Tânia Monteiro em O Estado de São Paulo Brigadeiro disse que teve de instituir força-tarefa porque às 3 horas tráfego aéreo do País literalmente parou O pior dia da história dos aeroportos do País teve ontem quebra-quebra, filas e os atrasos atingiram 100% dos vôos das companhias aéreas, cerca de 600 - em alguns casos, as pessoas prejudicadas demoraram 16 horas para embarcar. Foi preciso pedir ajuda às Polícias Federal e Militar para controlar a revolta de passageiros, que agrediram funcionários de empresas. Na madrugada, a Aeronáutica mobilizou todos os controladores de vôo militares para enfrentar a crise. A punição para quem desobedecesse a convocação era a cadeia. Mesmo rejeitando a expressão “apagão aéreo”, o comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), brigadeiro Luiz Carlos Bueno, disse que às 3 horas de ontem “o tráfego aéreo estava completamente paralisado no Brasil”. Diante da “situação de emergência”, ele determinou a convocação obrigatória dos 149 operadores do Centro de Controle Aéreo de Brasília (Cindacta-1), formando uma espécie de “força-tarefa” para “resolver o que estava travando o Brasil: a circulação dos aviões”.
Quem se recusasse a atender à convocação seria submetido ao regulamento disciplinar da Aeronáutica, que prevê punições que vão da advertência à prisão. Segundo o comandante, todos os controladores chamados, que são sargentos, “atenderam” à convocação, embora pelo menos oito deles tenham apresentado atestados médicos alegando falta de condições psicológicas para trabalhar. Apesar da pressão sobre os controladores, ele assegurou que “não há nenhuma possibilidade de falta de segurança em vôo”. A convocação ocorreu ontem cedo. Os militares que deixariam o trabalho pela manhã tiveram de ficar no Cindacta-1 para uma reunião marcada para as 8h30, quando seria divulgada uma nova escala de trabalho, que incluiria toda a equipe, até o fim do feriado, para desafogar os aeroportos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está descansando em Salvador, ficou apreensivo com a repercussão da medida, considerada “autoritária” por controladores - que apresentaram denúncias de “cárcere privado” à imprensa. Lula pediu ao ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que intermediasse um acordo com a categoria. Também preocupado com a situação, o ministro da Defesa, Waldir Pires, convocou o comandante da Aeronáutica para uma reunião pela manhã. Outras ocorreram à tarde, com os presidentes da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), José Carlos Pereira, e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi. Mas a Aeronáutica garantiu que, depois da convocação da manhã, foi elaborada uma nova rotina de trabalho e superiores dispensaram funcionários que não estavam na escala do dia. De acordo com Bueno, depois que os controladores começaram a trabalhar em sistema de mutirão, o tráfego aéreo ficou “ completamente normalizado”. No mesmo instante das declarações do brigadeiro, nos aeroportos do País a realidade era outra. Embora o fluxo tivesse melhorado, estava longe de haver normalidade. Bueno chegou a atribuir os problemas naquele momento ao “overbooking” das empresas. A crise nos aeroportos deve continuar durante o feriado. Pereira, da Infraero, previu que a situação só deve se normalizar completamente em quatro a cinco dias. Por volta das 22h30, os atrasos em Congonhas tinham caído para, em média, 3 horas. Na ponte aérea Rio-São Paulo, os aviões estavam decolando praticamente no horário.
Editado por Giulio Sanmartini às 11/03/2006 04:26:00 AM |
|