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O QUE É DEUS?
Por José Inácio Werneck em Direto da Redação
Bristol (EUA) – Em 1887, o escritor alemão Freidrich Nietzsche, mais conhecido entre as modernas gerações como o autor de “Assim Falou Zaratustra”, declarou que “Deus está morto”. A frase, vinda do filho de um pastor luterano que também havia estudado teologia antes de se tornar filólogo, professor e escritor, rodou o mundo e foi repetida, em forma de pergunta, por uma famosa capa da revista Time, em abril de 1966.
A idéia de Nietzsche, repetida em diversas de suas obras, era que o homem havia matado Deus e que a ausência da divindade causava uma rejeição de valores morais, da crença de que havia uma lei ética, objetiva e universal.
A revista Time não afirmou, simplesmente indagou e o debate continua. É possível discutir Deus de muitas maneiras e não me refiro apenas a interpretações de religiões monoteístas como o judaísmo, o islamismo e o cristianismo (apesar do fator complicador da Santíssima Trindade) que crêem em um Deus atuante na vida humana. Talvez por acreditarem em tal, as três grandes religiões monoteístas vivem em luta pela supremacia e nenhuma é inocente em matéria de derramamento de sangue. O Velho Testamento está cheio de horripilantes massacres, as cruzadas e as lutas entre católicos e protestantes não apenas ensangüentaram a Europa e o Oriente Médio como ensagüentam até hoje a Irlanda do Norte, e não é segredo que, segundo o islamismo, um modo muito eficiente de propagar a verdadeira fé é a conquista militar.
Mas a idéia de Deus transcende tudo isso. Pessoalmente, acredito que o ateu é um imprudente, pois está pronto a fazer uma aposta de alto risco – a de que não há uma vida além daquela que vemos com nossos ohos e tocamos com nossos dedos – sem dispor de todas as informações.
A conquista do Prêmio Nobel de Física por dois astrônomos americanos, que colocaram além de qualquer dúvida razoável a teoria de que o Universo originou-se há 14 bilhões de anos através de uma grande explosão (o Big Bang), lembra também a declaração de um deles, George F. Smoot, à época em que seus estudos se tornaram conhecidos: “É como olhar para Deus”.
O Nobel veio agora, mas os estudos de George Smoot e seu companheiro John C. Mather se iniciaram em 1989. Ao longo de três anos, rastrearam as micro-ondas cósmicas que são um eco do Big Bang, descobrindo, durante a caminhada, que há no Universo uma força desconhecida chamada energia escura e uma não menos misteriosa massa escura, muito maior do que a que até agora conseguimos perceber.
As flutuações nas radiações cósmicas permitiram detectar as “sementes” do que viriam a ser as galáxias e são tão revolucionárias para a Física quanto a descoberta do DNA para a Biologia.
Hoje sabemos o que ocorreu desde uma fração de segundo depois do Big Bang, até os dias atuais, 14 bilhões de anos mais tarde. O que aconteceu naquela fração de segundo e o que ocorreu antes do Big Bang, o que existe do outro lado – eis a grande, a insondável questão. Como disse o dr. Smoot em 1992, se chegarmos a saber o que se passou, descobriremos o mecanismo que regula o Universo. Se isso não é Deus, o que é?


Editado por Giulio Sanmartini   às   10/05/2006 12:57:00 PM      |