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AH, EU MANDEI MESMO!
Por Cris Azevedo

Caro Ministro,

É certo que a Justiça tem que ser provocada para agir. Porém, há momentos em que a provocação é demasiada, e impessoal. Transcrevo abaixo matérias de apenas UM caderno do Estado de São Paulo que fariam qualquer cidadão que merecesse seu titulo, corar de raiva. Não posso crer que os únicos que se sintam afrontados e indignados sejamos nós, os simples mortais. Vamos lembrar Rui Barbosa novamente? Leia e analise se estou exagerando.

Abraços

Cris Rocha Azevedo

CAMPANHA TOMA AGENDA E ESVAZIA ROTINA NO PLANALTO
Desde domingo, Lula relega funções de governo e se ocupa da reeleição
Se durante a campanha de primeiro turno o governo federal ainda tentava dar uma aparência de normalidade às suas atividades, a surpresa de ver o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disputar um segundo turno fez com que os cuidados fossem deixados de lado. Desde domingo, a agenda do presidente trata basicamente da sua campanha e até mesmo alguns ministros deixaram a agenda de lado para cuidar da reeleição.
Ontem, Lula assumiu suas funções de presidente apenas às 16h30. Até essa hora, ficou no Alvorada. Primeiro, recebeu governadores eleitos e reeleitos, apoiadores de sua campanha e ministros como Dilma Rousseff (Casa Civil), Tarso Genro (Relações Institucionais), Márcio Fortes (Cidades) e Silas Rondeau (Minas e Energia).
Depois da reunião que tratou dos rumos de sua campanha, o presidente teve mais um encontro com aliados. Dessa vez, apareceram o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o deputado Eunício Oliveira (ex-ministro das Comunicações), do PMDB-CE, o deputado Wilson Santiago (PMDB-PB) e o deputado Luiz Couto (PT-PB). Enquanto isso, 17 ministros - incluindo toda a equipe econômica - reuniam-se para um almoço na casa do ministro das Comunicações, Hélio Costa, que trataria de campanha. O almoço foi até 16h.
Já na segunda-feira Lula cumpriu pouco das suas funções de presidente. No Planalto, teve uma reunião de coordenação política pela manhã que tratou, basicamente, da avaliação dos resultados da eleição. Depois do almoço, voltou para o Alvorada, reuniu a coordenação de campanha, fez um pronunciamento e voltou a reunir o conselho político.
Na terça-feira, no Planalto, entre três audiências com ministros, recebeu o presidente do PT, Ricardo Berzoini - fato que foi retirado da agenda oficial -, e o governador eleito da Bahia, Jaques Wagner, com quem conversou basicamente sobre eleições. Já às 16h recomeçaram as reuniões de campanha, dessa vez no Alvorada.
Se na primeira fase da campanha o presidente procurava marcar viagens apenas para o final da tarde, agora isso também deverá mudar. A primeira agenda de viagens do candidato, amanhã, mostra o primeiro compromisso, em Juazeiro (BA) já às 15h30.
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CHEFE DA CONTROLADORIA VAI DE CARRO OFICIAL
Gilberto Gil e Márcio Thomaz Bastos usam veículo com placas frias
Por Leonencio Nossa
Os ministros da Cultura, Gilberto Gil, e da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, foram ontem ao almoço de campanha de Lula em carros com placa fria. Eles entraram e saíram da garagem da casa do ministro das Comunicações, Hélio Costa, em veículos com placas que não constam no cadastro público do Detran. As assessorias de imprensa dos dois ministros negaram uso da máquina do governo e alegaram questões de segurança.
A de Gil disse que a placa do Marea JDR 3441, de Brasília, está cadastrada no Detran do Distrito Federal, mas para garantir a segurança do ministro foi solicitado ao órgão que não desse informações sobre o veículo pelo serviço de telefone 154. A assessoria também não informou se o carro é alugado, de Gil ou do ministério. Alegaram que àquela hora, cerca de 18h30, a diretoria que cuida da frota do gabinete estava fechada.
A assessoria de Bastos pediu que o Estado não divulgasse a placa usada no Vectra que o levou, também por questão de segurança. A assessoria disse que a placa está no cadastro da Polícia Rodoviária Federal e o carro não é pessoal e sim da frota do Ministério da Justiça. Mas destacou que, por causa de suas funções, o ministro é obrigado a respeitar várias normas de segurança e, mesmo em eventos de campanha ou particulares, só poderia usar seu carro se este cumprisse todas essas regras. Bastos só dispõe de um veículo assim em São Paulo.
Diferentemente de Bastos e Gil, outros ministros não deram bola para a segurança. Jorge Hage, da Controladoria-Geral da União, usou carro oficial para ir ao almoço. Na placa do Vectra preto que o levou estava escrito seu cargo. Zeloso, o das Relações Exteriores, Celso Amorim, foi para o almoço de carona no carro de sua mulher. Guido Mantega, da Fazenda, também usou veículo próprio.
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PROVOCAÇÃO PRIMÁRIA
Editorial do Estadão
Nos velhos tempos em que eram oposição, os petistas se compraziam em dizer, diante das críticas ao seu radicalismo, que o partido crescia quanto mais nele se batia. Quatro anos de governo Lula não só acabaram com essa presunção - como o eleitorado se encarregou de demonstrar domingo último - mas, principalmente, autorizam dizer que o petismo, quanto mais apronta, tanto mais reincide. A versão petista da Lei de Murphy, segundo a qual tudo que pode dar errado acaba dando errado, se aplica a 'erros' - o eufemismo oficial da agremiação para delitos - de todos os tamanhos e níveis de gravidade.
O mais recente deles, que produziu o efeito perverso de impedir a vitória que já se considerava certa no primeiro turno, foi o pacto com os chefes da máfia dos sanguessugas para lançar lama sobre a conduta do candidato tucano ao governo paulista, José Serra, quando ministro da Saúde. O que mais impressionou na torpeza, além do seu estrepitoso fracasso, foi o fato de ter ela sido concebida como se o lulismo já não tivesse no seu passivo a enormidade do mensalão. Isso não é coisa de aloprados. É coisa de delinqüentes cuja ganância política e crença arrogante no próprio êxito os impedem de aprender com o passado.
A campanha de Lula não foi capaz de aprender nem com as primeiras decisões da Justiça Eleitoral, que cortaram tempo de sua propaganda, por ter ele aparecido no horário dos candidatos aos governos estaduais. Numa prova de que prepotência engendra alienação, o ilícito continuou a ser praticado - ao preço de novos minutos perdidos. Não espanta, por isso, o delito eleitoral cometido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, anteontem. Em pleno exercício do cargo, para o que é pago pela coletividade, ele exibiu formidável desdém pela importância singular da função e, em entrevista no Ministério, deixou de lado as questões de que se supõe que se ocupe para vestir boné, camiseta e button de cabo eleitoral. Nessa condição, configurando um episódio inequívoco de uso da máquina, pelo qual será chamado a se explicar perante o Tribunal Superior Eleitoral, atacou a golpes de borduna o adversário Geraldo Alckmin. Tão primária como a provocação ao tucano - 'Talvez o mercado goste mais de Alckmin, mas a população gosta do Lula', arremeteu em dado momento - foi a sua tentativa posterior de descaracterizar a transgressão. Em nota, agarrou-se ao argumento de que não convocara a entrevista, como se isso descaracterizasse a violação da lei eleitoral.
Sua atitude foi, sem tirar nem pôr, mais um golpe baixo do petismo. Enquanto o primeiro companheiro faz o gênero alto nível, exumando o Lulinha, paz e amor, e apregoando a ansiedade em debater os problemas do País, como se o eleitor tivesse esquecido da imagem da cadeira vazia na Rede Globo, a companheirada faz o que mais sabe: jogar sujo. A parte que tocou a Mantega nessa empreitada consistiu em insinuar que, se eleito, Alckmin prejudicaria o Bolsa-Família. 'Uma hora vejo que ele vai fazer um ajuste fiscal rígido', a apelação começou. 'Aí eu me pergunto: ele vai cortar o quê? Os programas sociais?' O terrorismo eleitoral não ficou nisso.
Afirmou que, reeleito, Lula não reformará a Previdência, deixando subentendido que Alckmin, ele sim, fará a reforma temida por 80% do eleitorado, segundo pesquisas anteriores ao primeiro turno. Pior do que a violação da lei eleitoral foi a mistificação que encenou, dando a entender que as diretrizes econômicas de um eventual governo Alckmin serão o avesso daquelas do governo Fernando Henrique, respeitosamente obedecidas nos últimos quatro anos pelo governo Lula. Ora, está claro para os agentes econômicos que, nessa matéria, as convergências predominam.
O empresário Marcelo Odebrecht, dirigente do grupo de mesmo nome, por exemplo, foi realista. 'Ideologicamente, o PT e o PSDB estão mais próximos entre si do que do PFL', comparou. 'A questão no PT é ter alguém como o Palocci ou um ministro da linha mais desenvolvimentista como o Mantega. No PSDB, algum desenvolvimentista como o Luiz Carlos Mendonça de Barros ou alguém como o Malan.' O raciocínio omite, porém, o fator competência. Se Lula, num eventual segundo mandato, mantiver Guido Mantega na Fazenda, sobrarão problemas - seja qual for a ênfase da política econômica.


Editado por Adriana   às   10/05/2006 09:41:00 AM      |