Na Veja O lobista Alexandre Paes do Santos é homem de relações perigosas e de uma vasta ficha criminal. APS, como ficou conhecido em Brasília, fez carreira – e, posteriormente, fama policial – no submundo das negociatas da Esplanada dos Ministérios, aproximando-se de raposas da política e cultivando a imagem de personagem misterioso e poderoso. As estripulias de APS nas sombras de Brasília vieram a público em 2001, quando a Polícia Federal apreendeu a agenda do lobista. Ali, escondia-se o inventário das atividades subterrâneas de APS, como pagamentos de propinas a parlamentares e funcionários do governo, histórias de chantagens e esquemas de superfaturamento em contratos com órgãos públicos. Minucioso e detalhista, o lobista anotava na agenda valores de suborno ao lado da letra "K", que os investigadores descobriram tratar-se de um código que correspondia ao acréscimo de três zeros ao valor registrado. Ao lado de nomes de deputados e servidores públicos havia, por exemplo, a inscrição "50K" (ou 50 000, reais ou dólares).
O escândalo foi um golpe para o lobista. Ele perdeu seus trinta clientes e passou a responder a três inquéritos da Polícia Federal, por suspeitas de corrupção, contrabando e tráfico de influência – investigações que se mantêm até hoje. Apesar da turbulência e da notoriedade, APS conseguiu se reerguer. Recuperou boa parte dos clientes e voltou a despachar numa espaçosa mansão, com quatro andares e elevador. Mas o sossego de APS pode durar pouco. Um de seus clientes, a Telecom Italia, está enrolado numa investigação de promotores de Milão, na Itália. Eles apuram a existência de um caixa secreto da Telecom Italia, que seria usado para pagar propina a autoridades de vários países – inclusive, é claro, do Brasil.
Editado por Giulio Sanmartini às 10/21/2006 04:38:00 AM |
|