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LIBERAIS DO BRASIL: ACORDAI !
Por Ubiratan Iorio
Escrevo antes de saber quem venceu a eleição para presidente, mas estou convencido
de que estas linhas, infelizmente, aplicam-se aos dois candidatos e, portanto, têm
implicações sobre os rumos de nossa economia, cultura e sociedade nos próximos
quatro anos, pelo menos. Refiro-me à extemporânea, senil e caquética acusação,
usada na campanha pelo PT e endossada pelos tucanos – sem qualquer surpresa
para quem sabe que ambos os partidos são de esquerda e, portanto, embora
divergindo em grau de miopia, abraçam uma visão demodée sobre o papel do Estado
-, de que o candidato do PSDB venderia alguns elefantes estatais, como o Banco do
Brasil, a Caixa Econômica Federal, a ECT e o proboscídeo maior, ícone do
“nacional-estatismo” tupiniquim, que Roberto Campos, apropriadamente,
denominava de “Petrossauro”. Em meio à mentira – sim, mentira, pois jamais
passaria pela cabeça de social-democratas a boa idéia de vender essas idolatradas
empresas – as baboseiras de sempre com relação ao governo de Fernando Henrique,
que teria “torrado o patrimônio público, fruto do suor do povo, a preços de
banana”, quando, em boa hora, privatizou alguns setores de nossa
economia,esquálida de tanto ser devorada pelos dentes afiados do Estado.
O que fez o candidato tucano? Se fosse um liberal, teria tomado duas atitudes: declarar que venderia de fato as referidas empresas e mostrar que isto seria altamente benéfico para os contribuintes, como, de resto, para o país. Mas preferiu desmentir. Argumentos não lhe faltariam, já que seria suficiente, se tivesse convicção, dirigir-se ao povão e mostrar, primeiro, que os tais “preços de bananas” foram definidos em leilões públicos; segundo, lembrar o sucesso – apoiado em profusão impressionante de números – dos casos, dentre outros, da telefonia, da Vale do Rio Doce, da Usiminas e de Volta Redonda; e terceiro, demonstrar como os referidos paquidermes vêm sendo usados, há muito tempo, com destaque para o atual governo, como fontes de empregos para apadrinhados de quem detém o poder, de privilégios para funcionários e de uso inadequado – e algumas vezes ilegal – de recursos públicos para promover este ou aquele grupo político.
Apenas nos últimos quatro anos – período a que Campos teria se referido, se ainda vivesse, como “petelhato” – houve três diretores do Banco do Brasil, dois da ECT e um presidente da Caixa, ligados a episódios contrários à ética (e lesivos ao tal “patrimônio público”), para não nos referirmos ao seu inchaço por companheiros e ao uso indefensável de verbas publicitárias da Petrobrás para financiar coisas como a revista do grupo de desordeiros conhecido como MST. Patrimônio público ou de políticos, partidos e falecidas ideologias?
A verdade é que não há a menor possibilidade de avanços para o nosso pobre país enquanto, de um lado, prevalecer a idéia retrógrada de que as estatais são patrimônio do povo e, de outro, os nossos liberais não perderem a inadmissível vergonha de se assumirem como tal, organizarem-se em um partido realmente representativo e combaterem de peito aberto, com a força dos argumentos, os oráculos do atraso, agora ressuscitados e em macabro alvoroço. Até lá, continuaremos condenados a votar em Fulano, não porque representa nossas idéias, mas porque acarretará um mal menor do que Beltrano, ou seja, seremos mantidos – por absoluta incompetência e falta de patriotismo de nossa parte – prisioneiros do duopólio político PSDB-PT.
Defender idéias decrépitas e comatosas de estatização é como torcer pelo Football and Athletic Club, da Tijuca, time extinto em 1907 e que disputou o primeiro título carioca com o Fluminense... Mamma mia, quem tem que se envergonhar não somos nós, são eles! Mas, lembremos, vivemos no Brasil...
Liberais brasileiros, eis o desafio: acordai, levantai-vos e caminhai!



Editado por Giulio Sanmartini   às   10/28/2006 02:10:00 AM      |