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COORDENADOR DE LULA DEFENDE DIREITO À MENTIRA
Na Tribuna da Imprensa
Comentário de Prosa & Política: O “direito de mentir”, citado por Jaques Wagner é sempre usado por advogados chicaneiros como prerrogativa e direito de vigaristas, bandidos e ladrões. Portanto é assim que Jaques qualifica seus “companheiros".
BRASÍLIA - Depois de acusar o PSDB de insistir no "samba de uma nota só", o governador eleito da Bahia, Jaques Wagner (PT), disse ontem que os petistas acusados de envolvimento na compra do dossiê Vedoin "têm o direito de mentir". Para ele, os petistas podem estar mentindo nos depoimentos à Polícia Federal (PF), quando dizem não saber de onde veio o dinheiro (R$ 1,75 milhão) que seria usado na negociação.
"Ao réu, é dado o direito de mentir; então, não acho que o réu petista seja diferente de outros réus", afirmou Wagner, que integra o time de coordenadores da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato da Coligação A Força do Povo (PT-PRB-PC do B) à reeleição. "Atestado de idoneidade não vem com ficha de filiação partidária. É uma coisa anterior."
Ele disse acreditar que os seis petistas envolvidos no escândalo foram "induzidos por uma armação". Não esclareceu quem teria montado a trama, mas insinuou participação de integrantes do PSDB, embora o dossiê seja contra os tucanos. Falou em "lambança" e "burrice", mas afirmou que, mesmo causando desgaste à campanha de Lula, os petistas têm "o direito" de mentir.
"Eu não estou defendendo que eles mintam. Estou dizendo que eles estão usando do direito, concedido pela lei, de que o réu não é obrigado a dizer toda a verdade. Se não fosse assim, seria simples descobrir os crimes. Eu posso estar com toda indignação em relação a esses que produziram tanto desgaste na reta final da campanha do presidente, mas, antes de eles serem petistas, são cidadãos brasileiros que se abrigam na lei", argumentou.
Wagner destacou que não engrossa as fileiras dos que pregam atenuante para companheiros unicamente pelo fato de serem do PT. Para o governador eleito da Bahia, o partido não dá salvo-conduto a ninguém porque honestidade não se aprende em legenda. Em mais uma demonstração de que pretende baixar a temperatura da campanha, Wagner também lançou afagos na direção dos opositores.
"Reconheço no PFL e no PSDB pessoas íntegras, assim como reconheço que, dentro do PT, possa haver pessoas que não tenham essa mesma integridade", observou. "Isso a gente traz de outro lugar. O partido pode ajudar a manter ou pode deteriorar, mas o fato é que vem de outra praia."
Sherlock
Sentado diante de um painel gigante de Lula, no comitê da reeleição, Wagner disse que nunca gostou do mundo da arapongagem. Sobre se parecia crível que o presidente não soubesse da negociação para a compra do dossiê Vedoin, tendo tantos do círculo íntimo envolvidos no escândalo, o governador eleito não perdeu o bom humor. "O velho Sherlock perguntaria: a quem interessa isso?", insistiu, numa referência ao personagem Sherlock Holmes, o maior detetive da literatura mundial. "Seguramente, ao presidente Lula é que não interessa."
Wagner defendeu também o chefe do Gabinete Pessoal da Presidência da República, Gilberto Carvalho. Rastreamento telefônico feito pela PF, com autorização da Justiça, revelou que Carvalho telefonou duas vezes para o churrasqueiro Jorge Lorenzetti, o petista apontado nas investigações como o homem que articulou a operação de compra do dossiê. À época, Lorenzetti coordenava a Assessoria de Risco e Mídia da campanha de Lula, uma espécie de "Abin (Agência Brasileira de Inteligência) do PT".
O chefe do Gabinete Pessoal da Presidência da República disse ter discado para o churrasqueiro em 15 de setembro, três dias antes de o nome dele ter sido citado no escândalo, em busca de esclarecimentos sobre as prisões de petistas, porque ele era o responsável pela área de informações da campanha. "O fato de Gilberto ter falado com Lorenzetti não autoriza nenhuma conclusão de envolvimento do chefe de Gabinete nesse processo", afirmou Wagner.
No diagnóstico do governador, a suspeita lançada "é uma tentativa desesperada de subir o tom por parte daqueles que não estão encontrando outros argumentos para virar o jogo eleitoral".


Editado por Giulio Sanmartini   às   10/24/2006 01:53:00 AM      |