Onofre Ribeiro Nesta semana, o assunto é mesmo eleições. As opiniões estão divididas de maneira bem pragmática. Provavelmente, as paixões estejam mesmo dentro do PT, ainda assim com muitas reservas, porque o partido andou servindo de galinheiro. Outro setor que está apaixonado é o do agronegócio, que quebrou por conta do câmbio e da insensibilidade da política econômica do governo federal do país. No mais, a sociedade está bastante indiferente. Mas aqui cabem algumas leituras políticas:
1 – o papel de Geraldo Alckmin na eleição foi fundamental para jogá-la ao segundo turno e quebrar aquela aura imperial que revestia o presidente Lula. No segundo turno, ele teve que baixar a bola, conversar, negociar e compreender que poderá governar, mas sob a tutela do país, e não mais do seu arbítrio pessoal e o do PT; 2- o segundo lance importantíssimo de Alckmin, foi defender a idéia de que o Brasil precisa se desenvolver depois do fiasco de crescer 2,5% neste ano, contra uma média de 5% dos países vizinhos e dos 9% da Argentina. O presidente Lula, ao que tudo indica, se eleito, terá que cumprir esta agenda sob pena de frustrar a sociedade e de pagar caro por isso. Pois bem: desenvolvimento. Parece fácil, mas é uma tarefa complexa. Será preciso redimensionar o tamanho do Estado brasileiro, hoje um gigante que consome muito mais consigo do que com os investimentos públicos. Serão necessárias três grandes reformas: a da política, a da previdência e uma terrível, a tributária. Isso, sem falar em mexer na política de juros, o que equivale a reduzir despesas públicas que geram o déficit que precisa ser rolado na forma de dívida pública. Imagino que nenhum dos dois candidatos, se eleito, terá cacife para desencadear essa engenharia e reengenharia estrutural. Logo, se não tiver, o país não crescerá. Se não crescer, as forças da economia começarão a se mexer, porque os tributos e os juros estão no limite, contra uma qualidade péssima dos serviços públicos e uma crônica falta de perspectivas. Não havendo reformas estruturais amplas no curtíssimo prazo, não haverá governabilidade. Não havendo governabilidade, obviamente, o cenário mais próximo é o do caos. E o caos certamente imporá novas lideranças no cenário brasileiro, diferentes da ação do Estado. Desse modo, olhar o eleito com paixão, desde já é muito temerário. Nenhum dos dois será capaz de traduzir em bem-estar social todo o esforço da economia e dos cidadãos que entregam 40% do seu trabalho a um Estado gastador e irresponsável. Esse mesmo Estado terá que corrigir os equívocos de toda a história brasileira para deixar de servir a si mesmo a interesses fartamente conhecidos, para servir à Nação. Acho difícil. Muito difícil!
Editado por Giulio Sanmartini às 10/24/2006 01:46:00 AM |
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