Por Adriana Vandoni
Já estamos na resta final e eu decepcionada com as tais novas regras eleitorais, pelo menos com a aplicação delas. Só serviu para despertar na população a esperança de que algo ia mudar. Muitos incorporam o papel de fiscais, fizeram denúncias, entregaram materiais, pra que? Para nada. O tão propalado desempenho dos Tribunais Eleitorais frustrou. No lugar de coibir e penalizar as práticas ilícitas, que aconteceram normalmente a olhos vistos, os Tribunais Eleitorais agiram como se fossem aqueles antigos bedéis que ficam apartando brigas de coleguinhas nos corredores escolares. Transformaram-se em Tribunais de Horário Eleitoral. Só!
Aliás, no dia 08 de agosto fiz um questionamento junto a ouvidoria do Tribunal Eleitoral de Mato Grosso. Talvez eu receba a resposta a tempo de escolher meu candidato em 2010. A Justiça, nossa única esperança, joga no colo do povo toda a responsabilidade da escolha, sem um prévio processo de eliminação dos imorais. E ai? Como é que a população vai saber em qual candidato votar. Outro dia escutei uma pessoa dizendo que assiste ao horário eleitoral e pensa: “humm, será qual desses preenche todos os requisitos para se tornar em um BOM mensaleiro?”. É o cúmulo! As chances de legitimar mais um golpista dos cofres públicos são enormes, mesmo para os mais atentos. A saída então é o eleitor se orientar pelo “Risco Deputado”. O que é isso? O Risco Deputado, similar ao Risco País, é o grau de “perigo” que um candidato representa à população num eventual mandato. É determinado por três aspectos: vida pregressa, proposta e capacidade de pagamento. O primeiro aspecto, a esta altura do campeonato e se o eleitor não foi atrás de informações, já está eliminado. A tal da peneira que deveria ser feita pelos Tribunais Eleitorais no ato do registro de candidatura, não existe e quando existe, basta entrar com recurso. Qualquer um pode se candidatar, independente dos crimes que carrega, contrariando assim, o Princípio da Moralidade. Passamos então ao segundo aspecto do Risco Deputado, as propostas. É até engraçado, nem os candidatos sabem a função do parlamento. O que mais escutei nesta campanha foram promessas de execução de obras. O tradicional: “Se você me eleger deputado, vou trazer escola, asfalto, manilha...”. Eles não têm proposta, têm apenas propósito. Resta apenas o último aspecto. A capacidade de pagamento. O esquema se dá da seguinte forma: o novato chega à Assembléia representando a tal da renovação. Mas chega afundado em dívidas da campanha, afinal, quantas caixas d’água ele distribuiu?, e tijolos?, e quantas lideranças ele comprou?, e o pessoal das bandeirinhas nas rótulas? De algum lugar esse dinheiro vai ter que sair. Um belo dia chega o Deputado Planan, vamos dizer assim. É aquele que tem mais tempo de casa e já possui uma grande liquidez de caixa. Esse deputado Planan compra a dívida do novato e está restabelecido o curral. Não adianta pensar em novos nomes sem atentar para o grau de vulnerabilidade do candidato, isto é, quanto tempo ele irá resistir ao ver umas verdinhas sendo balançadas na ponta do seu nariz. Temos também que analisar o grau de topete para enfrentar o esquema de curral já estabelecido dentro das assembléias. Nos últimos anos, quantos novatos entraram e foram rapidamente embolsados pelos Deputados Planan? Sem analisar esses fatores, resta à população relaxar e gozar. Sugestão? Faça um balde de pipocas, coma assistindo o filme “Sindicato dos Ladrões” e aguarde quatro anos para renovar os golpistas.
Editado por Adriana às 9/26/2006 05:07:00 PM |
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