Por Carlos Chagas na Tribuna da Imprensa BRASÍLIA - Num depoimento que deu antes de morrer, o ex-presidente Ernesto Geisel explicou seu desinteresse pelo gás e pelo petróleo da Bolívia dizendo ser aquele país atrasado e inconfiável, capaz de levar o Brasil a utilizar o Exército no caso do descumprimento de compromissos porventura celebrados com a Petrobras. Foi depois do governo Geisel, e contrariando suas diretrizes, que a empresa assumiu o controle de duas refinarias bolivianas, recuperando-as, bem como investindo bilhões para recebermos gás daquele país. La Paz humilha o País
Quase trinta anos depois de ter deixado o poder, cumpre-se metade do seu vaticínio: o governo de La Paz promove mais uma lambança, descumpre acordos, rasga contratos, apropria-se de patrimônio brasileiro instalado em seu território. Por decisão unilateral do presidente Evo Morales, acaba de ser transferido para a estatal boliviana o controle da comercialização de combustíveis beneficiados pelas duas refinarias da Petrobras. Só falta interromperem o fornecimento de gás. Felizmente, parece fora de cogitações o emprego de tropa armada brasileira para defender nossos interesses esbulhados, mas é evidente que o general tinha razão. O governo de La Paz nos humilha outra vez. Fazer o quê? Parece pífia a reação anunciada pela Petrobras, de recorrer aos tribunais bolivianos para assegurar seus direitos e, como alternativa, buscar arbitramento internacional. Aguarda-se uma resposta do governo brasileiro, prestes a ser de novo enganado com promessas de suspensão dos efeitos da medida anunciada pelo governo da Bolívia. Cancelar a visita do ministro de Minas e Energia e do presidente da Petrobras àquele país é muito pouco. Continuar negociando com quem carece de credibilidade, pior ainda. Espera-se alguma atitude do Planalto.
Editado por Giulio Sanmartini às 9/16/2006 03:26:00 AM |
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