Por Augusto Nunes no Jornal do Brasil “Nunca fui filiado ao PT”, começam agora as mensagens enviadas aos jornais por filiados ao PT. O disfarce é dissolvido pelas frases seguintes. Os remetentes repetem que o PSDB inventou o caixa 2, que o mensalão nunca existiu, que a imprensa vive conspirando contra o governo popular, que o maior presidente da História ressuscitou um país destruído por FH. A lengalenga de sempre. A seita da estrela emagreceu sensivelmente desde junho de 2005, quando o andor dos mensaleiros abriu uma procissão que continua a espantar o Brasil. São ainda consideráveis os devotos que não desertaram. Mas lembram cristãos do tempo das catacumbas. Só revelam a fé que professam nos cultos restritos a companheiros. E mesmo nesses ritos não são muitos os petistas confessos. Os militantes dos novos tempos preferem declarar-se lulistas. É compreensível.
“Aquele-que-tudo-sabe-e-tudo-vê” se torna “Aquele-que-nada-soube-e-nada-viu” quando o assunto é roubalheira. Venerar a divindade esquizofrênica é menos arriscado do que rezar em altares tão consistentes quanto um prédio de Sérgio Naya. E o PT anda decididamente sem sorte, como reiterou o caso das ambulâncias superfaturadas. Por alguns dias, muitos petistas acreditaram que os companheiros federais estavam fora pelo menos de um escândalo. “Enorme decepção deve ter causado à oposição a constatação da ausência de um único nome de parlamentar do PT na lista dos sanguessugas”, animou-se um militante na seção de cartas do JB. O entusiasmo fora desautorizado horas antes pela revista Veja. A bordo da reportagem de capa, desembarcaram no olho do furacão dois parlamentares petistas, um integrante da direção nacional e dois ex-ministros da Saúde. Os primeiros representantes do PT no balaio dos sanguessugas foram o deputado federal João Grandão e a senadora Serys Slhessarenko, envolvida em enredos tão inquietantes quanto a pronúncia do sobrenome. O elenco cresceu com as revelações feitas pelos donos da Planam, inventora da ladroagem com sirene. Os pivôs do escândalo relataram episódios pouco edificantes protagonizados pelo ex-ministro Humberto Costa e seu amigo José Airton Cirilo, candidato ao governo cearense em 2002, hoje na direção nacional do PT e em busca de uma vaga na Câmara. Bem maior que a bancada petista, o bloco governista inclui o ex-ministro Saraiva Felipe, indicado pelo PMDB. É bom Lula começar a dizer que não soube de nada. As evidências informam que a quadrilha nascida no Congresso em 2001 só chegou ao Poder Executivo com o governo que não roubaria nem deixaria roubar.
Editado por Giulio Sanmartini às 7/31/2006 10:55:00 AM |
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