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   Terça-Feira, 25 de Fevereiro
DESPERDÍCIO
Por Ralph J. Hofmann
Esta semana com grande gáudio soubemos que a fazenda de um empresário acusado de tráfego de drogas foi adquirida por R$ 6.000.000,00 em títulos do governo. Essa fazenda teria mil hectares e seria distribuída a 60 famílias.
No meu entender, está se pegando uma fazenda que tem certa produtividade, ao menos operando como uma unidade, e está se loteando a mesma, transformando-a em sessenta minifúndios de aproximadamente 16 hectares cada.
Nada nos é informado quanto à produtividade atual de uma área de terra de mil hectares equipada e adaptada para uma certa função. Tampouco nos informam qual a produtividade esperada dessa terra quando operada em módulos de 16 hectares por famílias assentadas.
Mas salta aos olhos que cada uma dessas sessenta famílias está recebendo, apenas em terras, uma dádiva de R$ 100.000,00. Afora isto haverá cestas básicas, auxílio para compra de equipamentos, sementes, etc...
Cabe comentar que um microempresário que deseje obter um empréstimo de um décimo do valor, ou seja, R$ 10.000,00 para dotar de capital de giro seu empreendimento terá de suar sangue para obtê-los, mesmo que já tenha investido um valor muito maior em tempo e dinheiro para chegar a necessitar este valor para crescer.
Nesta mesma semana tanto em nível de reunião de G-8 quanto de rodada de Doha houve o confronto entre os países da Europa, liderados pela França e os países como o Brasil. Os franceses são obrigados pelo lobby agrícola a subsidiar a produção ineficiente de alimentos. Adicionalmente colocam barreiras tarifarias à produção eficaz do campo no Brasil e outros países.
O contra-senso está no fato de que ao mesmo tempo em que o país tem uma das produções agrícolas mais competentes do globo se cria o que tende a ser um lobby interno de propriedades subsidiadas que tende a se tornar semelhante às propriedades ineficientes da Europa. E o pior é que em alguns casos se desmantela uma produção eficaz para criar minifúndios de produtividade discutível.
O fato de ser uma propriedade que possivelmente seria tomada pelo governo em virtude do seu uso para facilitar o contrabando de drogas não justifica a transação. Melhor seria zelar pela propriedade e vendê-la pelo seu valor de mercado. Não fazê-lo é malbaratar o erário público e ao mesmo tempo desvalorizar um patrimônio existente.


Editado por Adriana   às   7/25/2006 08:51:00 PM      |