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FALANDO DE OBESIDADE, ALCOOLISMO E MORAL
Por Pedro Oliveira

Era minha intenção escrever este artigo enfocando os males causados pela obesidade e pelo alcoolismo. Cheguei a procurar definições cientificas sobre cada um e seus efeitos no organismo humano. Porém ao ler o artigo semanal do extraordinário André Petry, em Veja, decidi que não seria assim, pois talvez fosse interpretado erroneamente e me tornado intolerável pelos gordos e pelos bêbados, o que não desejo. Tudo começou com uma declaração do senador José Jorge, candidato a vice na chapa do tucano Geraldo Alckmin de que “o presidente Lula bebe muito”, como se o Brasil inteiro não soubesse do gosto etílico do primeiro mandatário. O jornalista em seu artigo faz críticas a oposição e a acusa de “ golpe rasteiro e ofensa pessoal na atual campanha”. Acrescenta que “o jogador Ronaldo, que voltou a ser fenômeno, pode dizer essas diatribes porque não é político e vive de jogar futebol – além de estrelar comercial de cerveja, é claro, que dá dinheiro. A oposição não. É baixaria que deseduca”. Discordo da opinião de Petry. No seu conceito só o fenômeno, que Lula chamou de “obeso” pode? O cidadão comum, o servidor público, o miserável que foi enganado pelo governo, o excluído que não recebe assistência da saúde, o cidadão comum não pode?
Contrariando a opinião do autor do artigo nunca ouvi qualquer declaração ou informação de que “beber é crime”. Porém aceito quando diz que “ faz sentido que Lula seja acusado de corrupto, com base em investigações que trazem indícios monumentais de que ele sabia de tudo o que ocorria no seu governo – e a corrupção é um crime”.
Winston Churchill, citado pelo articulista,sim gostava de beber. Bebia muito, mas deixou para o mundo seu exemplo de estadista. Foi ele que no pior momento da Grã Bretanha na segunda guerra, inspirou seu povo a lutar e vencer Hitler. A Inglaterra parecia estar sozinha nesse grave momento, mas mesmo assim Churchill não se deixou seduzir pelo fascínio barato do nazismo e se mostrou firme em suas convicções de não ceder a liberdade de seu povo. Liderou a aliança que libertou o mundo. Em 1953, Churchill tinha quase 80 anos e havia sofrido dois infartos. Numa tentativa desesperada de manter sua reputação como grande orador e chefe de Estado, ele pediu ao seu médico Dr. Charles Moran, que lhe desse benzedrina – tipo de anfetamina. Através do apoio desse estimulante, foi à Conferência do Partido Conservador e fez um grande pronunciamento. Sofria de depressão (por ele chamada de “meu cachorro negro”), tinha crises de ciclotimia (alterações de humor). Mas ao mesmo tempo possuía um espírito exuberante e exigia dele mesmo e de seus auxiliares, ação, disciplina e respeito à coisa pública. Foi um dos nossos maiores estadistas e deu lições ao mundo. Querer comparar Lula a Churchill, é o mesmo que “comparar Jesus com Zé Buchudo”, como se diz no nosso interior.
Eu mesmo tenho uma experiência que vivi de perto sobre o assunto em pauta. Trabalhei com um político que apreciava muito a bebida. Muitos sabiam e comentavam. Porém sempre soube o momento e o lugar para beber. Tinha o respeito e admiração de todos e foi um dos maiores governantes que conheci. Era honesto, exigia honestidade de seus auxiliares e gostava muito de trabalhar. Nunca confundiu o público com o privado.
O problema do presidente Lula é a sua inapetência para o trabalho, sua apreciação pelo ócio do poder, as viagens que nunca fez antes, os tapetes nos quais nunca pensou pisar, o deslumbramento tresloucado de alguém que não estava preparado para o cargo que ocupa, e sua convivência com o imoral, com a corrupção e com a bandidagem. Os problemas de uma família que como ele não entende da liturgia do cargo nem da ética do poder. Um homem que não lê, não estuda e dá exemplos negativos ao Brasil que ele enganou e ao mundo que dele debocha.
A afirmação de que “Lula é um bêbado, não é um golpe rasteiro pessoal na atual campanha”, como insinua André Petry. É sim, o resultado de um governo desastroso, de um presidente que não trabalha , um trapalhão embevecido com o poder, e também um cara que bebe muito e não lembra de nada, nada vê, nada sabe e vai deixando a lama chegar a todos os setores de um governo marcado pela corrupção.

Pedro Oliveira é jornalista e presidente do Instituto Cidadão.


Editado por Adriana   às   6/29/2006 10:48:00 AM      |