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CHEGA DE HIPOCRISIA! CHEGA DE PASSIVIDADE!
por Gen Ex José Carlos Leite Filho

O Brasil assistiu estupefato à recente convulsão da ordem pública no maior e mais vigoroso dos seus estados, São Paulo, comandada por bandidos presos que quiseram mostrar do que são capazes quando decidem enfrentar o “status quo” da segurança pública, valendo-se de sua inadmissível, mas real, capacidade de coordenação, fruto dos erros e da fragilidade do sistema penitenciário. Devidamente orquestrados do interior dos presídios, atacaram militares indefesos, suas residências, postos e viaturas policiais, depredaram agências bancárias, incendiaram dezenas de ônibus, buscando desafiar o sistema de segurança pública e intimidar a população. O pesadelo sofrido pela capital paulista é de todos conhecido assim como a violenta e pronta resposta do governo estadual, acionando os seus efetivos encarregados de manter a ordem e garantir a segurança pública.
Inadmissível é ver-se, em ocasiões como essa, o governo federal querer tirar proveito político dos nefastos acontecimentos, oferecendo pseudo-ajuda de uma “Força Nacional de Segurança” constituída de homens selecionados, mas espalhados pelo país, reunidos apenas em ocasiões de crise e, portanto, inadequada pela improvisação e incapaz de suprir a crônica omissão governamental na correção dos erros estruturais existentes, como é do seu dever!
Passada a tormenta soaram os clarins fazendo ecoar no Congresso Nacional a necessidade deprovidências, que só chegam no varejo quando o País requer medidas no atacado. Vulnerabilidades como as denunciadas, de forma desesperada, pelos coronéis da PM paulista Ralph Rosário Solimeu e Niomar Cyrne Bezerra, respectivamente ex-Comandante do Policiamento da Capital e ex-Comandante do 1 BPChq (ROTA), merecem atenção. Segundo esses experientes policiais “em todo país civilizado o bandido deve temer a polícia, pois onde isto não ocorre, a polícia perde o respeito e o povo perde a confiança na sua polícia, pois sabe que ela não pode protegê-lo, como vem ocorrendo no Brasil. Em São Paulo, desde a posse do governador Covas, todo policial que venha a ferir um delinqüente é, de imediato, afastado do serviço policial por seis meses, não importando as circunstâncias. Hoje, este programa foi amenizado, mas não perdeu o seu cunho pacifista”. Medidas como essa também já provocaram de um velho guarda de presídio o desabafo de dizer que “o bandido hoje não cumpre mais a pena, ele goza a pena”. Justamente inconformados e revoltados, alertaram ainda os citados policiais para a “multiplicação de órgãos oficiais de defesa dos delinqüentes, ONGs, Pastorais, etc, enquanto nada se faz em defesa de suas vítimas e as instituições são entregues a quem o Partido apóia, designando-se os chefes segundo as conveniências políticas”.Tudo isso acontece, de forma escancarada e o povo sofrendo, parado como lagartixa tomando sol...
Vive-se, assim, em um país do faz-de-conta, da corrupção e da enganação. Os escândalos se sucedem e a população parece que apenas deseja sobreviver. A ausência de reação incentiva os criminosos, sejam eles delinqüentes comuns, parlamentares ou maus governantes. Não se teme a Justiça desde que se disponha de advogados competentes que saibam fazer valer “o império da Lei”.
No caso do emprego da Força Nacional de Segurança, projeta-se uma segurança ilusória, quando, na verdade, encaminham-se com ela graves problemas para o Estado conturbado que terá de alojá-la, alimentá-la e transportá-la sem dispor dos meios e/ou dos indispensáveis recursos financeiros! E sobram discursos, promessas e acusações...
No caso do ano eleitoral que vive o Brasil, o crime se amolda às circunstâncias, ganhando intensidade a vergonhosa compra do voto dos menos esclarecidos, dos necessitados e dos corruptos (esclarecidos e não necessitados). Utiliza-se da propaganda oficial como estratégia de alienação. Muitos governantes, à semelhança de Ali Babá, valem-se dos seus tesouros escondidos e passam à compra escandalosa de consciências, ignorando a ética e tentando dissimular as suas ações em busca de terrenos férteis onde possam frutificar os interesses pessoais e de grupos. E haja engenhosidade, pois o eleito terá de haver comprovado, antes de sua competência e honradez, a sua matreirice!
Que país é este? Que democracia é essa? Será que estamos entendendo mesmo a que rumo o nosso país está sendo conduzido? O regime democrático brasileiro tornou-se mera retórica para a permanência no poder.
Chega de hipocrisia e chega de passividade!

(*) Gen Ex José Carlos Leite Filho Publicado em “O JORNAL DE HOJE”


Editado por Adriana   às   6/28/2006 11:56:00 PM      |