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A EQÜIDADE GERA INIQÜIDADES
Por Ralph J. Hofmann

(In memoriam a Raul Pilla defensor do parlamentarismo puro)
Aqueles ungidos por Deus para administrar justiça (no sentido lato) no Brasil, ao longo dos anos criaram um sistema para que os coitadinhos dos inúmeros estados pobres do país não fossem soterrados pelas grandes populações do Sudeste e do Sul, tão gananciosos e injustos.
Então, esses ungidos criaram um congresso enorme, dedicado ao conceito de que tanto vale um estado pequeno e deserto quanto um estado grande com cidades de milhões de habitantes, com incontáveis empreendedores gerando progresso e reEcitas, com sistemas locais de atendimento a problemas como menores abandonados, mães solteiras, etc., quando a nível governamental nada estivesse ocorrendo.
E assim no sétimo ou no setecentésimo dia olharam e disseram: “ Garantimos a eqüidade.”
E à eqüidade seguiu-se a iniqüidade. Pois estranhamente esses líderes postos na terra por Deus para orientar os menos capazes de pensarem por si mesmos passaram a usar esta estrutura para moldá-la ao que se aceitou chamar de “governabilidade”, e que em outras plagas se chama de “sistema de um partido”. Assim foi nos tempos dos militares, assim foi no tempo do “Sir Ney” e assim é hoje.
O eleitor ao votar sabe que seu deputado na realidade não o representa. Que haverá um deputado, mas que certamente não o representa. É um sujeito que vai participar de cerimoniais misteriosos, cabalísticos num prédio evidentemente desenhado por um extra-terrestre, num plateau distante de tudo, que ha meros sessenta anos era terra de índios (Alô! Alguma tribo índia! Será que Brasília não deveria ser uma reserva indígena? Qualifiquem –se as tribos lesadas. Há boa infra-estrutura para até uns 500.000 ameríndios. Valem mestiços de origem comprovada.)
Não apenas o sujeitinho sentado no seu ranchinho em Palmeira das Ovelhas ou Brodocuté não consegue ligar aquele deputado que levou um din-din para trocar de partido, ou aceitou uma sessão de massagem com uma menina das que faz qualquer coisa, como talvez, se analisasse o seu voto descubra que inclusive elegeu um sujeito que ninguém conhece. Os votos do partido geraram um Frankenstein, tipo os deputados biônicos tão denunciados pelos antepassados dos partidos de esquerda no tempo em que mesmo não gostando das esquerdas ao menos as conseguíamos admirar.
E aí vemos o atual ungido de Deus, nosso iníquo Primeiro Timoneiro irado aplicando uma retórica emociona, aos berros qual vereador do interior nos anos cinqüenta para explicar que a Previdência vai bem, que a previdência opera nos parâmetros previstos, o problema é de responsabilidade do tesouro.
No sul e sudeste nós sabemos que bosta de cavalo tem o mesmo cheiro de bosta de eqüino. No norte, donde vem os votos de cabresto do Grande Timoneiro acho que são diferentes.
Então não cabe esta república com diferenças olorosas que vai do Oiapoc ao Chuí parece ser impossível. É grande demais. não podemos nem entrar em acordo sobre o cheiro da bosta. E se essa questão do cheiro da bosta for a voto no congresso os votos de cabresto derrotarão o fato evidente de que um eqüino e um cavalo são exatamente a mesma coisa.
Melhor acabar com o governo central. Que cada estado seja um país soberano. Aí haverá inclusive espaço para todos os partidos que existem por aí, utilidade para todos os funcionários que existem por aí, não haverá um Mercosul pois por uns cem anos estaremos discutindo se o Rio Grande do Sul dá condições de país especial para as importações de algodão do Rio Grande do Norte, e se o Rio Grande do Norte equaciona o chá de mate como psicotrópico ou chá.
Todo mundo discutindo e quem for competente vai para a frente sem dar bola ao papo furado!


Editado por Adriana   às   2/06/2007 06:29:00 PM      |