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QUERIDO PRESIDENTE
Guilherme Fiúza, em NoMinimo

A América do Sul está uma beleza. A revolução bolivariana (leia-se massas pobres manobradas pelo autoritarismo em pele de cordeiro) avança pelo continente, e o populismo já faz a festa na Venezuela, na Bolívia, no Equador, na Argentina e no Brasil. Neste último, a liberdade vai levando seus tapas com luva de pelica – e apanha calada.

É no Brasil que Hugo Chávez vem comemorar sua reeleição, nesta quinta-feira, quando será recebido por Lula. O mesmo Chávez ao qual Lula se juntou há três semanas para dizer que a imprensa está contra o povo. Faz todo o sentido que as polícias dos dois países tenham protagonizado episódios recentes de intimidação de jornalistas.

O Brasil festeja o homem que está decolando para completar seus primeiros 14 anos no poder, com planos de mudança constitucional para dobrar essa permanência. É questão de gosto. Compreensível para admiradores tão aplicados e incondicionais de Fidel Castro, como se vê na carta do PT ao ditador cubano, pela celebração de seus 80 anos.

Para o partido de Lula, o dono de Cuba é apenas o “querido presidente”. Na carta, não há qualquer ressalva ao regime praticado por ele, nem sombra de constrangimento com as agressões à liberdade que se vê na ilha. Definitivamente, é doce o convívio dos homens do PT com os princípios autoritários.

O governo Lula está fascinado com a imunidade eleitoral de Chávez, e não há como negar uma semelhança entre o venezuelano e o brasileiro nesse aspecto – após o passeio de Lula sobre Alckmin, com mensalão, dossiê e tudo mais. A pergunta sobre se há ou não há um projeto do PT de se perpetuar no poder é inócua. Evidentemente, há. A questão é apenas saber qual é ele, e onde está sendo montado.

Ficam aqui duas apostas. A primeira é: olho na criação dos “conselhos” e na “reforma política”. A segunda é: olho nas estatais (e, claro, “follow the money”).


Editado por Anônimo   às   12/05/2006 10:16:00 PM      |