Por Laurence Bittencourt, jornalista
Nós na temos justiça. Ou melhor, a justiça no Brasil é tão venal quanto qualquer das nossas outras instituições. Isso é um bê-á-bá nosso eterno. Se tivéssemos, Lula estaria preso ou no mínimo teria sofrido um processo de impeachment. Para quem conhece um pouco de historia sabe que Richard Nixon foi reeleito presidente dos EUA em 1972 e depois da posse o escândalo Watergate, negado pelo presidente, foi levado às últimas conseqüências levando a renunciar. Mas Nixon negou até a última instancia dizendo nada saber, e que puniria todos os culpados, chegando a demitir pessoas muito próximas a ele. Tal qual fez o nosso presidente Lula. A diferença está no judiciário americano e no nosso. Talvez com uma diferença: aqui a coisa foi muito mais grave e num sentido quantitativo muito mais volumoso e intenso. Mas Brasil é Brasil, e pertencemos a América Latina.
Outro caso que podemos levar a um processo de similaridade em tentar negar o que fizeram pode ser visto no Julgamento de Nuremberg, quando os nazistas para tentar fugir da responsabilidade e culpa diziam como defesa: “apenas cumpria ordens”. Uma tentativa de burlar a lei e sair de uma situação, como se não tivessem nenhuma responsabilidade moral pela mortandade que eles patrocinaram. A diferença mais uma vez foi a forca do judiciário. Foram julgados e punidos. Aqui Lula não sabia de nada, nem teve nada a ver com a corrupção generalizada e patrocinada pelo seu partido. Como se ele não fosse o primeiro beneficiário. Mas há ainda outro exemplo interessante na historia. Depois da morte de Stalin, durante o famoso XX Congresso do partido comunista, Kruchev trouxe a tona toda carnificina patrocinada por Stalin e pelo partido, através da morte de milhões de soviéticos com os expurgos que começaram em 1936, a coletivização forçada levando milhões de kulaks e de pequenos e médios proprietários rurais a fome e a morte, as perseguições em massa. Mas o próprio Kruchev, em que pese a “coragem” de admitir no famoso julgamento secreto (o mundo só veio a saber depois) o que foi a tirania do ditador Stalin, também fizera parte junto com vários membros do partido. Nesse momento a culpa única ficou por conta de Stalin. A covardia moral daqueles que eram próximos ao ditador não veio a tona. Como disse brilhantemente o historiador Isaac Deustcher “a historia da oposição stalinista a Stalin ou a falta dela, continua por ser desvendada”. Aqui no Brasil é possível que muitos anos depois ainda venhamos a saber toda a verdadeira historia por trás do maior antro de corrupção já patrocinado por um partido que foi a do PT sob a era Lula. Talvez seja tarde demais. Lula agora se reúne com Jader Barbalho, Orestes Quércia, Delfin Neto (quem diria), Sarney, fazendo da aliança algo normal. O segundo governo Lula certamente será mais desastroso que o primeiro. Se tivéssemos justiça Lula não seria candidato. Sendo eleito não tomaria posse. Mas estamos no Brasil (agora socialista) e pertencemos a América Latina. Até quando?
Editado por Adriana às 12/05/2006 03:52:00 PM |
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