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QUANDO A DEMAGOGIA COMEÇA A FAZER VÍTIMAS FATAIS
Por Giulio Sanmartini

Pode se dar como exemplo simples e perfeito de demagogia política, o fato de um administrador público deixar de construir esgotos para o saneamento básico, pois estes ficam sob a terra e não são vistos, não dão votos, preferem inaugurar praças de utilidade duvidosa mas estão à mostra do eleitorado e ainda mais, estas tem nomes que podem ser usados em puxasaquismo ou para cultuar a própria personalidade.
O presidente da República Luiz Inácio da Silva, em seu interminável oba! oba!, andou inaugurando reformas e ampliações de inúmeros aeroportos, onde não faltaram discursos e rojões de apito. Naquels de Congonhas (São Paulo) chegou a fazer um elogia desmesurado ao seu “amiginho” Carlos Wilson, ex presidente da Infraero citando “a contribuição extraordinária que fez para o Brasil”. Por ironia, alguns meses depois, o Ministério Público e o Tribunal de Contas da União (TUC) apontaram nas reformas de 66 aeroportos um superfaturamento na compra de materiais que em alguns casos chegou a ser de 252% acima do preço de mercado.
Essas irregularidades dentro da administração petista são um nada, como se diz papo de botequim: sai na urina. Mas aí no dia 29 de setembro passado aconteceu o maior desastre na história da aeronáutica brasileira, foram 154 mortos num Boeing da Gol que se chocou em vôo com um Legacy estadunidense, este último conseguiu um pouso forçado sem piores conseqüências.
As autoridades jogaram uma cortina de silêncio sobre o assunto, os pilotos do Legacy, por ordem da Justiça estão detidos num Hotel em Brasília. As informações oficiais pretendiam que a responsabilidade fosse toda e exclusivamente deles, assim o galho estaria quebrado, tudo muito prático.
Todavia agora o jornalista Matheus Machado consegui entrevistar dois controladores de vôo (militares), que só exigiram a manutenção anonimato. Eles desnudaram a crítica situação da segurança aérea, afirmando que o a causa do acidente foi falha no equipamento. Trabalham com radares defeituosos, outros com potencia reduzida em 60% (para aumentar-lhes o tempo útil), falta de conservação na aparelhagem que muitas vezes para que funcionem fazem usam “gambiarras” improvisadas. Não há investimento em antenas e radares que servem para passar informações à base e, como se não bastasse, por falta de pessoal, o período de treinamento dos controladores foi reduzido em 35%.
O presidente inaugurou aeroportos magníficos, todos podem ver, mas à segurança de vôo foi dada a importância que a demagogia dá aos esgotos.

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Editado por Giulio Sanmartini   às   12/05/2006 01:50:00 PM      |