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TANTO, POR TÃO POUCO!

Por Onofre Ribeiro

Sobre alguns assuntos escrevo com o coração na mão. Este é um deles. São aqueles que aquecem o coração e mostram que a felicidade e a bondade estão ao alcance da mão.
Nesta terça-feira, uma amiga da infância dos meus filhos que cresceram na mesma rua, hoje advogada, de 30 anos, teve a feliz lembrança de comemorar o aniversário de quatro anos de sua filha no Abrigo Bom Jesus para crianças. Ela concluiu que a festa dos três anos da filha Mariana, feita na casa da avó materna, foi legal, mas para crianças que já têm tudo e, para elas, para a filha e para si mesma, não acrescentou.
Neste ano ela decidiu experimentar fazer a festa na creche e Abrigo Bom Jesus. São atendidas 200 crianças órfãs que vivem lá e outras, hóspedes da creche durante o dia enquanto suas mães trabalham. Minha amiga convidou as mesmas mães do ano passado. E elas foram. Lá encontraram o pai dela enchendo balões, suado e feliz. O bolo de chocolate do aniversário foi sua mãe quem fez. As tias convidadas ajudaram a servir refrigerantes, frutas, salgadinhos e doces.
Festa absoluta! Conto e reconto o que minha mulher Carmem me contou, porque ela foi e ajudou a servir refrigerantes, como tantas outras senhoras. As crianças se divertiram com uma grande mesa de frutas, com os salgados e com os doces. Isso, sem contar os brinquedos. Um pouco ela ganhou, um pouco ela comprou. Teve mais. Teve parquinho com pula-pula e escorregador. E um trenzinho para levar as crianças a passear pela cidade. Choveu, entrou água no galpão e a festa, nem aí! Seguiu em frente.
Reproduzo um trecho de nossa conversa para escrever este artigo: "Sobre as crianças, nem sei por onde começar. A carência afetiva é tanta que por alguns instantes temos a sensação de que não há o que se possa fazer para suprí-las. Até a gente descobrir que um sorriso acompanhado de um"bom dia" sonoro, é mais que o suficiente para que outro sorriso venha de lá pra cá, normalmente junto com um abraço apertado e um beijo estalado.É simples demais a felicidade, Tio. O encantamento deles com os brinquedos, que nossos filhos muitas vezes ignoram, por ter em excesso!".
Fico imaginando quantas festas de aniversário de pessoas bem posicionadas financeiramente poderiam ser realizadas em lugares assim como abrigos, creches, casas de assistência e tantos lugares onde vivem pessoas carentes. A respeito, minha amiga me disse: "Assim vejo que existem muitos bons corações perdidos por aí que gostariam de fazer mais pelo próximo, mas falta-lhes iniciativa".
Sua conclusão sobre a festa é emocionante: "De fato, o meu gesto e o de todos os amigos que colaboraram encheu meu coração de alegria. A começar pelo envolvimento do meu pai que se dedicou a encher as bolas que eu trouxe de SP para presentear as crianças do Lar". Muitos amigos doaram muita comida que acabou enchendo a despensa do abrigo. E alegria encheu o coração de todos, incluindo o de Carmem que me contou sobre a festa com lágrimas nos olhos.
Imagino que este registro possa, quem sabe, se multiplicar e amenizar o coração de uns e a pobreza de outros.


Editado por Giulio Sanmartini   às   11/09/2006 09:36:00 AM      |