Por Dora Kramer em O Estado de São Paulo Eficiente no manejo de simbolismos de identificação popular, Lula não usou seu repertório na crise que deixou milhões de pessoas 7 dias à mercê dos controladores de vôo. Lula participou de uma única reunião para tratar do assunto, não fez nada além de uma cena de irritação - com direito ao já notório 'soco na mesa' -, foi para a Bahia descansar com a família anunciando o plano de 'sumir' até o fim do feriadão e lá se deixou fotografar esparramado de sunga ao sol. Racionalmente, é fato que a presença de Lula em Brasília não teria por si só o condão de resolver o problema. Mas é verdade também que férias presidenciais em momentos de comoção denotam indiferença e distanciamento, pois esteve disposto para ganhar a eleição e, no momento em que a aviação sofria um colapso com efeitos dramáticos sobre a vida da população, o presidente faz o que as pessoas não puderam fazer: toma um avião à hora e ao tempo desejados e vai relaxar na praia. Tendo manifestado sua preferência dias antes pelos mais pobres, ficou parecendo que o presidente não liga para quem anda de avião. Transporte, aliás, hoje não mais exclusivo de quem tem muito dinheiro.
Editado por Giulio Sanmartini às 11/04/2006 11:00:00 AM |
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